CPERS debate Saúde Mental da Mulher no 1⁰ Encontro do Comitê das Mulheres do 22⁰ Núcleo


Nesta quinta-feira (1⁰), educadoras de Gravataí debateram o tema “Saúde Mental da Mulher Onde Ela Estiver”, durante o 1⁰ Encontro do Comitê das Mulheres, na sede do 22⁰ Núcleo do CPERS.

O encontro contou com as palestrantes Adelaide Klein, militante das Comunidades Eclesiais de Base, do Movimento Fé e Política, coordenadora Pastoral Social da Paróquia Sagrada Família, Conselho Municipal de Direitos da Mulher de Gravataí; Hilda Jaqueline Fraga, professora Doutora Associada da Universidade Federal do Pampa; e Marzie Rita Alves Damin, psicóloga, mestra em Comunicação Social, sócio fundadora da Psi psicologia e psicoterapia LTDA.

Valorização da mulher em diferentes espaços da sociedade

Para a militante Adelaide Klein, as mulheres são seres femininos que transcendem a mera existência física. Na sociedade, elas reivindicam a liberdade de serem o que desejam como mulheres. Apesar de ocuparem diversos espaços, ainda enfrentam a falta de valorização e respeito em sua integridade feminina.

“É uma realidade plural que nos caracteriza. Mesmo assim, percebemos que, na sociedade, ainda não somos tratadas de maneira equiparada, muitas vezes enfrentando pressões estéticas e inúmeros preconceitos como o etarismo, além de uma carga laboral duplicada ou triplicada. Buscamos, acima de tudo, o reconhecimento justo por sermos quem somos”, explicou Adelaide.

“Para efetuar uma mudança significativa, vislumbramos dois caminhos: a educação, como base transformadora de mentalidades, e a política, onde as decisões moldam o ambiente em que vivemos”, completou.

Adelaide ainda frisou a necessidade de criar leis que protejam a vida das mulheres para proporcionar um arcabouço jurídico que assegure direitos e combata o feminicídio ou qualquer forma de violência e discriminação de gênero.

Defesa da vida dos profissionais da educação 

Já a Professora Doutora Hilda Jaqueline Fraga fez a abordagem da questão de gênero dentro de uma perspectiva relacional, onde a defesa da vida dos profissionais da educação é fundamental. Para ela, a tragédia do assédio moral e pedagógico, que afeta tanto homens quanto mulheres, merece ser discutida.

“Organizações internacionais, incluindo a Organização Internacional do Trabalho, têm alertado e pressionado países, incluindo o Brasil, a adotar medidas concretas contra o crime cometido a educadores. Esse tipo de violência é uma manifestação intensa do patriarcado, uma estrutura de gênero eurocentrada, contrastando com as sociedades indígenas”, destacou.

Ela também frisou que o assédio moral e pedagógico está sendo reconhecido como uma violação dos direitos humanos, uma violência e tortura nos dias de hoje. Estudos indicam que, em governos neoliberais, o assédio é um dos principais fatores de adoecimento entre os educadores e educadoras.

Hilda também explicou que: “vivemos em uma sociedade que promove uma estética corporal narcisista, impondo a ideia de que a transformação só é possível no corpo, ditada por uma lógica de mercado. Os corpos, principalmente os femininos, são violados pela pressão de não envelhecer”.

“O método da Secretaria da Educação é marcado por uma necropolítica, que mata silenciosamente. Muitos colegas enfrentam problemas de saúde causados pelas condições precárias do nosso trabalho, como câncer e depressão, e a triste realidade inclui tentativas de suicídio. Essa é uma crise que demanda atenção urgente e ação efetiva”, completou.

Ela também destacou que o governo federal já está atento a essas questões. Tanto que janeiro foi o mês de Janeiro Branco, de conscientização sobre a saúde mental

Sobre a busca de soluções diante deste quadro, Hilda foi enfática: “Primeiro precisamos saber que o assédio moral e pedagógico existe, é crime e mata. O discurso que está operando é de que os algozes são considerados vítimas e as vítimas, algozes. Existe um canal de denúncias? Existe a seguridade de anonimato? Existe aporte jurídico para que esses educadores possam se manifestar? Como reunir forças nessa sociedade do cansaço? Precisamos retomar a memória política do nosso Sindicato, que não é pouca. Precisamos voltar para a visita nas escolas, com a formação política, incluindo os contratados e a juventude”.

Mística e debate sobre a luta coletiva em defesa da dignidade das mulheres

Na ocasião, a diretora do CPERS, Sandra Regio, trouxe à tona uma mística, preparando o palco para a performance de “Maria Maria”, de Milton Nascimento. Antes de iniciar essa jornada musical, ela incentivou as presentes a refletir sobre o significado de ser Maria. Cada uma das mulheres teve a oportunidade de expressar por que é importante abraçar a essência de Maria em suas vidas, conectando-as com a força e a beleza que existem dentro de cada uma.

“Todos os aspectos de quem somos, mulheres, são dignos de celebração. Cada corpo possui sua própria beleza única, independentemente de seu tamanho ou forma. Em tempos como este, devemos nos libertar da vergonha em relação a quem somos. É muito importante nos envolvermos em atividades físicas para nutrir não apenas nosso corpo físico, mas também nossa saúde mental. Nossa casa é o nosso corpo, e cuidar dela é uma responsabilidade sagrada”, destacou Sandra.

“Valorizar as mulheres significa reconhecer e celebrar suas contribuições em todos os setores da sociedade. Isso envolve proporcionar oportunidades iguais, garantir salários justos e promover um ambiente onde as mulheres possam prosperar sem medo de discriminação ou violência. Nossa voz merece ser ouvida, nossas conquistas merecem ser reconhecidas e nossas vidas merecem ser respeitadas”, asseverou a diretora do 22⁰ Núcleo do CPERS, Letícia Coelho Gomes.

A psicóloga, mestra em Comunicação Social, sócio fundadora da Psi psicologia e psicoterapia LTDA, Marzie Rita Alves Damin, ressaltou a importância da consciência do lugar de pertencimento, especialmente para as mulheres. Em um mundo muitas vezes sobrecarregado com expectativas e desafios específicos, é fundamental que elas reconheçam seu valor e papel dentro de diversos contextos.

“O fôlego diário necessário para enfrentar as demandas da vida ganha uma dimensão especial quando consideramos as experiências singulares das mulheres. Enfrentamos não apenas as tarefas dentro de casa e no trabalho, mas também uma série de expectativas sociais, culturais e, por vezes, opressões sistêmicas. A consciência do lugar de pertencimento se torna uma ferramenta valiosa para que as mulheres naveguem por essas complexidades. É um convite a reconhecerem-se não apenas como indivíduos, mas como parte de uma luta coletiva”, finalizou.

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