CPERS debate mercantilização da educação em encontro internacional


Santana do Livramento sediou, nesta sexta-feira (5), o III Fórum Internacional de Orientadores Educacionais e o I Encontro Internacional de Trabalhadores em Educação. A presidente do CPERS, Helenir Aguiar Schürer, participou do evento ao lado dos professores Carlos Augusto Abicalil – ex-deputado federal e secretário especial do MEC durante o primeiro governo Dilma – e Guillermo Scherping, pesquisador chileno especialista em mercantilização da educação.

O trio debateu o cenário de retrocessos sociais e o avanço do capital sobre a educação pública na América Latina. Scherping detalhou o desenvolvimento da experiência chilena, onde, em suas palavras, “se trocou a liberdade de ensino pela liberdade de mercado”, instalando-se uma concepção de indústria educacional que “ignora crianças e jovens como sujeitos de direitos assegurados pelo Estado e os transforma em sujeitos econômicos”.

Com uma extensa apresentação de dados sobre a evolução das políticas públicas no Brasil, Abicalil alertou para o impacto da redução de investimentos públicos e seus significados. “O Brasil, atualmente, está abdicando da sua soberania. Além da postura subserviente nas relações externas, o governo opta por abandonar a pesquisa em ciência e tecnologia e sucatear a educação pública”, enfatizou.

Para Helenir, a falta de políticas públicas para a educação e a desvalorização dos(as) trabalhadores(as) é uma estratégia para permitir a mercantilização da escola pública. A precarização do serviço público antecede e serviria de justificativa sua privatização. “Mais de 80% dos(as) estudantes do Brasil estão na escola pública. É um mercado e tanto a ser explorado por grandes empresas. Políticas como a Base Nacional Comum Curricular, por exemplo, têm o viés declarado de enxergar alunos como mão de obra barata, em detrimento da qualidade da sua formação”, afirma.

A mesa foi moderada por Rosane Zan, diretora do CPERS, que sintetizou: “passamos por um momento em que temos que lutar e resistir, pela educação como direito e pelo direito de educar”.

 

 

 

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