Comunidade do IE repudia proposta do governo que reduz espaço da escola


Na manhã desta quarta-feira (9), o Movimento em Defesa do Instituto de Educação General Flores da Cunha realizou uma coletiva de imprensa para se posicionar contra a proposta do governador Eduardo Leite (PSDB) para o prédio da instituição, exigindo a manutenção do local 100% para a escola.

Sem qualquer diálogo com a comunidade escolar, o governador assinou, no dia 18 de janeiro, uma ordem de serviço para reiniciar as obras de restauro, com planos de que o lugar abrigue o Centro de Desenvolvimento dos Profissionais da Educação, do Centro Gaúcho de Educação Mediada por Tecnologias (Cegemtec) e o Museu da Escola do Amanhã, dois projetos não relacionados à escola.

Em comunicado, distribuído durante a coletiva, a comunidade ressalta: “comemoramos a retomada das obras, mas seguimos em luta e organizados para não perder espaços. De acordo com a proposta do governo, a escola teria de dividir seu local com o Museu da Escola do Amanhã e um Centro de Aperfeiçoamento dos Profissionais da Educação”. 

A reforma no IE foi licitada em 2014 e iniciada em 2016, mas os trabalhos foram interrompidos em setembro de 2019, por falta de pagamento do governo à empresa Concrejato — que assumiu a obra após a Portonovo, vencedora da licitação para a reforma, ter o contrato suspenso por não cumprimento do cronograma previsto.

Em maio de 2021, o governo Leite anunciou o novo projeto para o IE, que não seria mais a concretização daquele licitado, mas outro envolvendo o Museu do Amanhã e o centro de desenvolvimento de professores(as).

Em outubro, quando anunciou oficialmente o seu projeto, Leite previu um aporte do Estado de R$ 23,4 milhões para a conclusão da reforma do prédio e outros R$ 35,9 milhões para a implementação do museu e do centro de formação.

Por sua vez, a comunidade escolar vem se mobilizando para que o restauro seja concluído conforme a licitação de 2014 e para que possa retornar ao prédio em sua integralidade. Desde 2016, os alunos do Instituto de Educação (hoje 1.086 matriculados) foram divididos em quatro escolas diferentes da Capital.

A diretora da escola, Alessandra Lemes, ressalta que de nada vale pensar na escola do amanhã se não valorizarmos a escola de hoje.

“Nós não queremos uma escola do amanhã, queremos uma escola de agora. A nossa escola tem história, ela é referência e precisa ser valorizada. É na escola que se tem o fazer educação, o aprender. O amanhã, o futuro, se faz agora. Nós queremos a nossa escola de volta, como quando saímos dela”, expõe Alessandra. 

A diretora do CPERS, Rosane Zan, participou do evento e declarou que o respeito ao projeto da comunidade escolar é urgente.

“O IE tem uma história que está enraizada na sua comunidade escolar e o governo precisa respeitar a gestão democrática e autonomia das escolas para decidir o seu futuro. Só assim conseguiremos avançar realmente”, disse.

Dividir o espaço é inaceitável e inviável

Ao dividir o espaço, a escola, além de perder cerca de 1.000 vagas, terá reduzidos seus espaços para laboratório, sala de vídeo, informática, sala de professores(as), entre outros. 

A presidente do Conselho Escolar do IE, Ceniriane Vargas, destaca que essa é a valorização que o atual governo dá para as escolas públicas.

“O Instituto representa como o governo Leite realmente olha para a educação, é o fechamento de vagas, a entrega para a iniciativa privada, é dessa forma que a educação é tratada aqui no estado”. 

A comunidade do IE clama por um restauro com a configuração escolar construída, já que a mesma propicia possibilidade de modernização e qualificação das práticas de ensino-aprendizagem. 

O CPERS apoia a luta do Movimento em Defesa do IE e acredita que a retomada das obras é urgente e necessária, já são cinco anos de espera, mas o governador Eduardo Leite (PSDB) precisa chamar a comunidade e escutar e respeitar quem está no chão da escola.

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