Coletivo Estadual de Igualdade Racial e Combate ao Racismo do CPERS destaca a importância da luta antirracista


Dentro da programação do Mês da Consciência Negra, nesta segunda-feira (21), o Coletivo Estadual de Igualdade Racial e Combate ao Racismo do CPERS reuniu-se para debater as próximas ações e frisar a importância de fazer com que a luta antirracista não seja lembrada apenas em 20 de Novembro – Dia da Consciência Negra –, mas sim, todos os dias.

“O Coletivo é um espaço de soma e reflexão. A nossa história nos acompanha e nos une. Nosso lema é a filosofia Ubuntu, que diz: eu sou, porque nós somos”, frisou o 2º vice-presidente do CPERS e coordenador do Coletivo Estadual, Edson Garcia, durante a abertura do Encontro.

A presidente do CPERS, Helenir Aguiar Schürer, deu as boas-vindas aos participantes e destacou a importância da criação do Coletivo. “Quando assumimos a direção, vimos que existiam muitas frentes em aberto que o Sindicato ainda não estava. A estruturação do Coletivo veio nesse espaço de preocupação em reafirmarmos nossas origens. É imprescindível lembrarmos que não basta não ser racista, todos nós temos que ser antirracistas e isso tem que se refletir em nossas vidas e em nossas escolas”.

“Deixo aqui um desafio para o Coletivo: o que estamos fazendo em nossas escolas para combater o racismo? Essa pauta tem que estar presente nos 365 dias do ano”, concluiu.

O 1º vice-presidente do CPERS, Alex Saratt, ressaltou a relevância do Coletivo para reforçar a importância da luta antirracista.

“A questão da identidade étnico-racial e sua afirmação e a luta contra o racismo, a opressão, a exclusão e a exploração são duas faces da mesma moeda. A eleição de um novo governo, comprometido com as causas antirracistas, que recupere o debate e as medidas sobre reparações históricas, ações afirmativas e igualdade de oportunidades, abre espaço para que o movimento negro e suas organizações conquistem e avancem nas políticas públicas e nos direitos”, observou.

Retrospectiva, representatividade e ações

Garcia iniciou a reunião fazendo uma retrospectiva da criação do Coletivo, além de expor as atividades que vêm sendo realizadas desde o início do mês, alusivas ao Mês da Consciência Negra.

“Sempre foi um sonho particular criar esse Coletivo e em 2016 ele foi concretizado. Trabalhamos sempre na perspectiva do antirracismo, porque o racismo existe nas pequenas ações e momentos. Aqui no Coletivo, nós somos elementos de mudança nessa realidade do racismo estrutural que assola o país”, afirmou.

No momento da apresentação individual do grupo, a professora aposentada, do núcleo de Rio Grande (6°), Eliane Duarte Cunha, cantou a música Canto das Três Raças. “Decidi apresentar essa canção porque ela representa o sofrimento do povo negro que, infelizmente, ainda vivenciamos. Por isso, esse Coletivo é importantíssimo. É pela educação que poderemos mudar esse cenário”, observou.

“Nesses últimos quatro anos, vimos o racismo aparecer de forma escancarada, porque algumas pessoas sentiram-se respaldadas pelo atual presidente para demonstrar todo seu preconceito. Mas agora viveremos um outro momento, que virá ao encontro da nossa luta”, pontuou a funcionária de escola do 24º Núcleo (Pelotas), Ana Paula Dias Rosa.

No decorrer do dia, além do debate, cada representante dos Núcleos do CPERS relatou como está a estruturação e atuação do Coletivo em sua região, além de apresentar sugestões de nome para a pasta.

A secretária de Combate ao Racismo da CUT/RS, Ísis Garcia, debateu sobre a necessidade de combater o racismo dia após dia. Antecedendo sua fala, foram apresentados vídeos, produzidos pela CUT, retratando situações vivenciadas pela população negra como o sistema de cotas nas universidades, o preconceito, o racismo estrutural, entre outros.

“Por que é tão difícil falar sobre racismo? Porque é sobre dor. Ninguém quer falar sobre isso. O reconhecimento da nossa ancestralidade é fundamental, não é a cor da pele que vai definir quem somos. Todos temos a pele, com mais ou menos melanina, mas nós temos um sinal de interrogação na testa que indaga quem somos, de onde viemos. A nossa população negra ancestral demorou anos para pegar em um livro, quando lembramos disso entendemos as desigualdades que ocorrem até hoje”, expôs.

Os desafios da Lei 10.639

A efetiva implementação da Lei 10.639, que trata do estudo da história e cultura afro-brasileira e africana nas escolas, foi outro ponto abordado durante o Encontro do Coletivo.

“Esta foi uma grande conquista para nós. Porém, a Lei existe há 19 anos e até hoje não é cumprida efetivamente. Ninguém cobra, por isso não é realizado. Temos que exigir que essa Lei seja cumprida e com contextualização, destacando os significados de cada alimento, dança e demais questões estudadas”, salientou Edson.

Ao final do Encontro, Garcia lançou um desafio para os participantes: “Precisamos saber quantos professores e funcionários pretos atuam nas escolas. Para o próximo Encontro, todos devem trazer essas informações, isso dará início ao mapeamento que vamos realizar”.

Este mapeamento já teve início há alguns anos pelos núcleos de Uruguaiana e Osório (ambos dirigidos por mulheres negras) e resultou em um trabalho de conclusão de uma de suas Especializações em Sindicalismo e Trabalho. “Agora este mapeamento deve continuar, para que possamos justificar a previsão de políticas específicas”, ressalta Edson.

Marcha pela resistência e memória do povo negro

No domingo, 20 de novembro – Dia da Consciência Negra -, o CPERS, através do Coletivo Estadual de Igualdade Racial e Combate ao Racismo, se somou à 51ª edição da Marcha Independente Zumbi Dandara, em Porto Alegre.

Neste ano, o tema da marcha ressaltou a luta por justiça e igualdade social: “Enquanto houver racismo, não haverá democracia”. Representantes do Coletivo do CPERS, entidades sociais e movimentos ligados à luta do povo negro, percorreram as ruas do centro da Capital pelo fim do preconceito racial e em defesa de uma sociedade antirracista.

A luta em defesa da vida, da igualdade de oportunidades, por justiça social e por uma nação liberta do ódio e realmente democrática é de todas e de todos, não só no 20 de novembro, mas no dia a dia das escolas, nas ruas e nas redes!

Também participaram das atividades os representantes da Direção Estadual do CPERS: Rosane Zan, Juçara Borges, Alda Bastos, Leonardo Preto Echevarria, Amauri Pereira da Rosa, Vera Lessês, Sonia Solange Viana e Sandra Régio.

Nesta semana, o Coletivo dá sequência às atividades tratando de temas como comunicação antirracista e participando do lançamento de livros e documentários comentados, dentre outros. Também está na agenda uma atividade de formação em um Quilombo da capital.

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