Às portas do Palácio Piratini, dirigentes do CPERS protestaram contra o confisco do salário da categoria pelo governo Leite, chamando atenção para a campanha Governador, Escute quem Educa.
Com máscaras e respeitando o distanciamento mínimo de 1,5m, o grupo exibiu cartazes denunciando os descontos dos dias de greve, mesmo após a recuperação das aulas, 54 meses de atraso e parcelamento dos salários, seis anos sem reajuste e a retirada de direitos históricos dos educadores.
Estes ataques compõem a drástica redução salarial da categoria, que enfrenta severas dificuldades, agravadas pela pandemia do coronavírus (Covid-19).
“Tivemos que sair do isolamento para que o governo nos escute. Impossível calar diante de tantos ataques. Queremos explicações sobre a continuidade dos descontos da greve mesmo com a recuperação das aulas e a retirada de direitos como o difícil acesso”, destacou a presidente Helenir Aguiar Schürer.
O ato também evidencia a completa falta de diálogo do Executivo com os trabalhadores(as). “Não é possível que o governador não nos escute sobre o retorno das aulas presenciais, pois somos nós que conhecemos os alunos, tanto os pequenos quanto os adolescentes, e a realidade das escolas. Estamos aqui para dizer: governador, escute os educadores deste estado”, completou.
Edson Garcia, segundo vice-presidente do sindicato, ressaltou a inércia do Estado diante do cenário caótico vivenciado pela categoria.
“O CPERS, com toda a responsabilidade veio com um grupo menor hoje para protestar com responsabilidade. Denunciamos a falta de escuta do governo. São muitas perdas acumuladas e não se toma nenhuma atitude. Pedimos que Eduardo Leite nos ouça e coloque como prioridade a educação”, salientou.
Daniel Damiani, também da direção central, considerou o ato fundamental para alertar a sociedade sobre a situação dos professores e funcionários de escola, e também quanto ao perigo do retorno às aulas presenciais.
“É importante chamar atenção da sociedade num momento em que o governador anuncia protocolos de retorno às aulas mesmo quando a OMS afirma que ainda não é seguro. Os protocolos são inexequíveis na realidade atual. Fazemos um apelo para que o ensino presencial não seja retomado enquanto não for minimamente seguro”, pontuou.
Sonia Solange Viana, diretora do departamento dos funcionários de escola do CPERS ressaltou que os funcionários são ainda mais penalizados, pois não têm perspectivas de reajuste.
“Mandamos documento para o governo, conversamos com os deputados, mas não há nada ainda definido. Além disso, os funcionários continuam sendo descontados de uma greve já recuperada. Dívidas acumuladas estão levando à miserabilidade. Estamos aqui para mostrar a verdadeira face do governo Leite”, destacou.
“Tivemos que sair do nosso isolamento para vir aqui denunciar o governador, que está deixando a categoria na miséria. É preciso cessar a retirada de direitos. O governo não considera sequer a situação de pandemia. Quer acabar com a escola pública, mas vamos lutar para impedir que isso ocorra”, afirmou Cássio Ritter, diretor do CPERS.
Dulce Delan, conselheira do sindicato, observou que os educadores precisam trabalhar usando recursos próprios. “Os professores estão tirando dinheiro do próprio bolso para ter internet e poder disponibilizar as atividades aos alunos. Enquanto isso, o governador faz live dizendo que está tudo bem, mas não está. A educação pede socorro”.
Carla Cassais, educadora de Pelotas, avaliou que o governo Leite é a continuidade do governo Sartori. “Segue a opressão aos educadores. Nem mesmo em um momento de pandemia temos respeito aos nossos direitos para podermos cuidar da nossa saúde. Inúmeros educadores estão passando por necessidades financeiras, sem condições de se sustentar”, relatou.
“Mais uma vez estamos aqui, em um momento muito complexo. Já estava complicado antes da pandemia, agora agravou. Nossa preocupação é com a segurança dos educadores e alunos, pois o governo insiste em retomar as aulas presenciais. Tem é importante destacar o duro ataque aos aposentados, através dos descontos da previdência”, observou o diretor do 14° núcleo, Luiz Henrique Becker.