#CaravanaCPERS: governador deixa educadores na miséria e fecha os olhos para a realidade das escolas


Em uma semana a EEEF Nossa Senhora da Conceição foi arrombada quatro vezes. Somente neste ano foram 12 arrombamentos. No último, levaram até o portão. Em junho, roubaram parte da fiação e desde então a instituição está sem luz. Os alunos estão tendo aula na penumbra. Não há merenda, pois roubaram a válvula de gás.

Esta foi apenas uma das várias situações de negligência do governo Eduardo Leite (PSDB) com a educação pública, verificadas hoje, no segundo dia da Caravana do CPERS.

“Estamos percorrendo o estado para provar ao governador e à Seduc que o mundo de fantasia deles não é real. As escolas estão sucateadas e nossos salários defasados. Vamos ouvir a base para caminharmos juntos contra esses governos”, afirma a presidente do Sindicato, Helenir Aguiar Schürer.

A situação da escola que abre esta matéria é de conhecimento da 1ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) e da Seduc. “Mandamos ofícios com a solicitação de recursos e seguimos no aguardo de uma solução urgente. Não dá mais para continuar assim”, desabafa a diretora da EEEF Nossa Senhora da Conceição, Jane Candiel.

No decorrer do dia, ao longo das visitas às escolas, situações de precariedade e descaso com os educadores(as) se multiplicaram.

Na EEEM Visconde do Rio Grande, os professores(as) lecionavam no escuro. Durante a madrugada, fios de cobre e disjuntores foram roubados.  Quatro salas interditadas, telhado quebrado e infiltrações completam o cenário de precariedade.

Integrando a caravana, a diretora geral do 39° Núcleo do CPERS, Neiva Lazzarotto, afirmou seu compromisso com a pauta da escola.   “Contem conosco para cobrar do governo o religamento urgente da luz, com a recolocação dos cabos roubados.”

Enquanto as dificuldades se agravam, a solicitação para os reparos está parada na Secretaria de Obras. “Eu acho um absurdo estarmos passando por isso. É muito descaso”, disse a vice-diretora e supervisora, Eliane Serafim.

Eterna espera por solução

A E.E.F. Santa Rita de Cássia também aguarda a recolocação da fiação elétrica que foi furtada. Enquanto isso, a instituição segue com aulas remotas, entrega e devolutivas de atividades impressas.

Além dos problemas na rede elétrica, a EEEF Venezuela está com telhado quebrado, infiltrações e vazamentos que causam mofo e rachaduras nas paredes. Há 12 salas interditadas. O auditório abriga duas turmas. Por falta de espaço adequado, os livros ficam no corredor. Salas pequenas impedem o distanciamento e faltam funcionários para fazer a merenda.

Para os reparos, o orçamento gira em torno de R$ 100 mil. A escola aguarda há um ano e meio o retorno da Secretaria de Obras. “Passei dias trancada na minha sala para resolver inúmeros problemas e o governo não vê o que acontece na nossa escola”, lastima a diretora Tânia Salles.

O diretor Cássio Ritter observa que a Caravana do Sindicato tem papel fundamental na denúncia destes cenários. “É fundamental ouvirmos nossos colegas, verificar de perto as dificuldades, denunciar e cobrar a responsabilidade do governo.”

 Diante do descaso: desânimo

“Me sinto sem voz. Além de sete anos sem aumento, gastamos trabalhando de casa. É um projeto de destruição da escola pública que está em curso”, desabafou a professora Luciana Moraes da Silva, da EEEF Profª Luiza Teixeira Lopes.

A vice-diretora da escola, Carmen Regina, compartilha do sentimento da colega e se entristece com o descaso. “Não vejo luz no fim do túnel. Tenho 27 anos de magistério e nunca estivemos em uma situação tão difícil.  Já passei por vários governos e nenhum nos valorizou”, lamenta.

Rosane Zan, dirigente do CPERS, destaca que o Sindicato entregou à Casa Civil e aos deputados(as) uma preposição de Projeto de Lei que pede o ressarcimento dos gastos dos educadores(as) com o ensino remoto. “Foram muitas as despesas com internet e equipamentos. A categoria precisa urgentemente da reposição salarial.”

Falta de funcionários dificulta efetivação dos protocolos sanitários

Se a apreensão com a falta de estrutura das escolas já é grande, o recente aumento na notificação de óbitos por Covid-19 coloca o Rio Grande do Sul em segundo lugar no ranking nacional da taxa de mortalidade semanal e amplia a preocupação dos educadores(as).

Frente a este cenário e com o agravante do encerramento do contrato dos funcionários(as) terceirizados, que deve ocorrer na primeira quinzena de dezembro, os obstáculos para efetivar os protocolos sanitários tendem a ser maiores.

“Temos três funcionárias. Uma está doente, outra é concursada e temos uma terceirizada. Quando encerrar o contrato ficaremos com apenas uma. Como dar conta dos protocolos?”, questionou a diretora da ETE José Feijó, Cleusa Terezinha Azambuja da Silva da ETE.

A EEEF Júlio Brunelli e a EEEM Mariz e Barros também estão com funcionários insuficientes para garantir a limpeza dos ambientes.

A Caravana do CPERS esteve hoje nas escolas: 

EEEF Júlio Brunelli
EEEF Eng Rodolfo Ahrons
EEEF Ministro Poty Medeiros
EEEF Bento Gonçalves
EEEM Mariz e Barros
EEEF Dr. Gustavo Armbrust
EEEM Itália
EEEF Venezuela
EEEF Santa Rita de Cássia
EEEM Visconde do Rio Grande
EEEM Alberto Torres
EEEF Jardim Vila Nova
EEEF Nossa Senhora da Conceição
EEEF Vicente da Fontoura
Colégio Estadual Dr. Glicério Alves

Direito: reposição salarial para todos os educadores

No projeto da Lei Orçamentária Anual (LOA) para 2022, a função educação diminui 0,3% da fatia no orçamento e a previsão de gastos com pessoal também cai 3,3%”, deixando explícito o descaso.

O CPERS já protocolou junto à Comissão de Finanças da Assembleia Legislativa uma emenda que visa inserir a recomposição salarial de 47,82% para todos os educadores.

“Precisamos pressionar os deputados para que aprovem nossa emenda. Quem não puder ir em nossas mobilizações, é importante que faça pressão nas redes”, conclama a diretora Carla Cassais.

A tesoureira do 39º Núcleo, Klymeia Nobre, também chamou atenção para a retirada de direitos em curso no governo do Estado. “Os professores e os funcionários tiveram uma perda enorme de dinheiro com a retirada de difícil acesso, e isso está esvaziando as escolas mais distantes, pois está muito pesado pra ir trabalhar, com a gasolina a um preço absurdo”.

A diretora do 39º Núcleo também pautou a questão dos descontos no contracheque da categoria. “O CPERS irá atuar na justiça e na resistência ao desconto do vale-transporte retroativo. Vamos defender as Direções das Escolas, também”, declarou Neiva Lazzarotto.

Confira a agenda da Caravana do CPERS:

Nos últimos dias a Caravana percorreu Porto Alegre, com a participação dos membros da Direção Central, Helenir Aguiar Schürer, Alex Santos Saratt, Edson Garcia, Suzana Cecilia Lauermann, Rosane Zan, Alda Maria Souza, Amauri Pereira da Rosa, Carla Cassais, Cássio Ritter, Juçara Borges, Leonardo Preto Echevarria e Vera Lessês, da direção do Núcleo 39º, Neiva Lazzarotto, Klymeia Nobre, Pedro Jacobs e Roger Pereira e da representante 1/1000, Silvana Souza.

Até o dia 26 de novembro, o CPERS irá percorrer todas as nove regiões funcionais do Rio Grande do Sul para verificar a situação das escolas e mobilizar a categoria pela justa reposição salarial.

17/11 | Quarta-feira
Uruguaiana
Santa Rosa
Santiago
Canoas
Lagoa Vermelha
Caxias do Sul
Montenegro
Erechim

18/11 | Quinta-feira

Alegrete
Três de Maio
Santa Maria
Gravataí
Vacaria
Bento Gonçalves
São Leopoldo
Passo Fundo

19/11 | Sexta-feira

Santana do Livramento
Três Passos
Santa Cruz
Guaíba
Guaporé
Estrela
Taquara
Soledade

 

 

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