Durante três semanas, o CPERS esteve na estrada com a Caravana por #ReposiçãoJá. Foram mais de 50 cidades e centenas de escolas visitadas. A iniciativa, que encerrou nesta sexta-feira (26), evidenciou o abandono das escolas e a extrema desvalorização da categoria.
Desmascarando o discurso de Eduardo Leite (PSDB) – que é muito distante da realidade -, o Sindicato constatou o óbvio: a educação não é e, pelo jeito, nunca será prioridade para o governador.
Os dirigentes do CPERS fizeram o que o Executivo nega-se a fazer: ir ao chão da escola e conhecer a realidade de cada instituição e região.
“Nos dividimos em oito equipes e abrangemos os 42 núcleos do sindicato. Conversamos com a categoria sobre a questão salarial e os desafios que temos pela frente, preparando uma reação forte para o desmando que, infelizmente, o governo ainda tem em relação aos nossos salários e também à manutenção das escolas”, asseverou Helenir.
Muito mais do que cinco: centenas de escolas aguardam por obras e melhorias
A Caravana também denunciou a fragilidade estrutural da maioria das escolas visitadas; escancarou o verdadeiro retrato do abandono.
Nesta sexta-feira (26), a Caravana visitou as regiões de Cachoeira do Sul (4º núcleo), Carazinho (37º núcleo), Cerro Largo (36º núcleo), Osório (13º núcleo), Porto Alegre (38º e 39º núcleos), Pelotas (24º núcleo) e Santo Ângelo (9º núcleo).
Santo Ângelo
Junto com o diretor Leonardo Preto Echevarria, a presidente Helenir esteve em escolas de Santo Ângelo, onde encontrou diversos problemas. O pedido de permuta do prédio do Colégio Estadual das Missões pelo da EE Tiradentes foi uma das situações verificadas.
“Há um movimento para retirar a comunidade de sua escola e cedê-la para outra. Queremos dizer para o governador: não mexa na escola Missões, pois é uma instituição bem estruturada, com as condições necessárias para desenvolver uma educação de qualidade e que a comunidade de Santo Ângelo merece”, ressaltou Helenir.
Na ETE Entre-Ijuís, os dirigentes conversaram com a supervisora Taciana Gubert Müller, que relatou o perigo que a fiação elétrica da escola representa. “Precisamos da reforma na rede elétrica em nosso primeiro prédio que tem 57 anos. Tem climatizadores que não podem ser ligados porque a fiação é antiga e há perigo de curto circuito.”
A instituição também necessita de funcionário(a) e bibliotecário(a).
Terra de Areia
Mais de 20 arrombamentos, salas de aula interditadas e fiação elétrica danificada. Esta foi a situação encontrada pelos diretores Alda Souza e Cássio Ritter na EEEB Professora Erica Marques.
Há mais de três anos, a escola está com obras inacabadas que se deterioram com o tempo. O CPERS já denunciou a situação da instituição há meses, mas nada mudou.
Um salão de festas foi alugado próximo da instituição para acomodar estudantes e educadores(as).
Parte da escola – incluindo refeitório, sala de professores(as) e de aula – funciona no local e outra, no prédio em obras, com esgoto no pátio que gera odor forte.
As obras, que deveriam iniciar em dezembro, ainda estão paradas graças à extensa burocracia do governo. Ainda falta assinatura de contrato com a empresa.
“A gente se revolta muito, porque fazemos de tudo por essa escola e por esses alunos. É muito triste ver o que está acontecendo aqui. Temos 68 anos de história e estamos nessa situação”, lamentou a diretora Vivian Vieira.
“Gostaríamos muito que o senhor governador viesse conhecer a escola para ver a nossa realidade. Muitas pessoas precisam dessa escola para ter um futuro digno”, completou.
“É de muita importância a nossa Caravana, pois a gente pode constatar in loco o descaso do governo com a educação”, salientou a diretora Alda.
Cássio ressaltou o descaso do governo com todo o contexto da escola. “A diretora e os educadores se viram para trabalhar em dois prédios que ficam bem longe um do outro. Não há condições mínimas. Isso é inadmissível. E o governador ainda quer ser presidente. Basta de descaso!”, observou Cássio.
Porto Alegre
A ETE Irmão Pedro está com as duas quadras de esporte interditadas. Com fissuras no chão, o espaço coloca em risco os estudantes, que estão sem aula de Educação Física desde o retorno das aulas presenciais.
A resposta da Secretaria Estadual de Educação (Seduc) é de que a escola deve usar a verba permanente para a manutenção.
“Eu não posso utilizar esta verba para a obra da quadra. Vou levar o oficio e as fotos da quadra na Seduc e deixar bem claro que vou invadir a rubrica. Talvez assim façam alguma coisa. Desse jeito a quadra não pode ficar”, afirma o diretor Cristian Rascme.
Também falta monitor, supervisor e funcionário de limpeza na instituição.
O 2º vice-presidente do CPERS, Edson Garcia, salientou a incoerência do Executivo ao selecionar apenas algumas das mais de 2 mil instituições estaduais para reformar. “Enquanto o governo promete melhorias em 56 escolas, com um projeto imaginário, se esquece que temos mais de 2.400 escolas no estado e muitas precisam urgentemente de reparos.”
Cerro Largo
EEEM Coronel Antonio Fioravante, EEEB Eugênio Frantz e IEE São Francisco Xavier receberam a visita das diretoras Suzana Lauermann e Glaci Weber.
Suzana avalia que a caravana cumpriu seu papel. “Visitamos muitas escolas e conversamos com os colegas. O sentimento de revolta na categoria é muito forte, mas também temos a consciência de que precisamos nos organizar para enfrentar os governos no próximo ano”, frisou.
Pelotas
A diretora Carla Cassais esteve em escolas da região de Pelotas junto com o diretor do 24º Núcleo, Mauro Rogério Amaral.
Foram visitadas as escolas EEEF Parque do Obelisco, Colégio Estadual Félix da Cunha, EEEB Osmar da Rocha Grafulha (CIEP) e EEEF Parque do Obelisco, Instituto Estadual de Educação Assis Brasil.
A EEEF Parque do Obelisco convive há mais de três anos com ausência do muro da escola. “O muro caiu há anos, o governo está ciente e nada faz”, ressalta Carla.
Outra instituição que está com sérios problemas de estrutura é o CE Félix da Cunha. “É um prédio histórico, uma casa antiga que está muito deteriorada. Há pelo menos dois anos, espera providências do governo”, lamenta a diretora.
Carazinho
Na região de Carazinho, a Caravana do CPERS visitou oito escolas em dois municípios da região.
As diretoras Rosane Zan e Vera Lessês foram acompanhadas pela diretora do 37° Núcleo, Adelia Menezes dos Santos, secretária Marines da Rocha, representante de aposentados, Ana Martins de Ávila, e diretora Jocelene Trentini Rebeschini.
O grupo visitou as escolas IEE Carazinho, EEEM Cônego J. Batista Sorg, EEEF Manuel Arruda Câmara, EEEF Carlinda de Britto, a Escola Indígena Kame Mre Kanhkre e a EEEB Érico Verissimo, em Carazinho; e o CE Blau Nunes e a EEEF 19 de Novembro, em Santa Bárbara do Sul.
Apenas um professor da escola indígena Kame Mre Kanhkre atende a 14 alunos da 1ª a 5ª série, de forma multisseriada.
A escola aguarda recursos para a finalização de uma obra e no momento não possui janelas ou portas, iluminação e móveis para a instalação da biblioteca. A construção do prédio, localizado na entrada da propriedade, é cercada de casas de madeira improvisadas.
Cachoeira do Sul
O 1º vice-presidente do CPERS, Alex Saratt, e a diretora Juçara Borges estiveram conferindo a situação das escolas EEEM Érico Veríssimo e EEEF Francisco Manoel, em Restinga Seca, e a EEEM Afonso Pena, em Paraíso do Sul. Além disso, dialogaram com a categoria sobre a urgente valorização dos educadores(as), acompanhados das diretoras do 4º núcleo, Dina Marilú Machado Almeida e Cristiane Skolaude Correa.
“A caravana evidenciou que a frase que nós temos repetido “a educação não pode mais esperar” nunca fez tanto sentido. Não podemos admitir alunos estudando sem luz, salas de aulas interditadas por falta de estrutura, sobrecarga de trabalho dos educadores e sete anos sem reposição salarial, sem nenhuma resolução por parte do governo”, ressaltou Alex.