Caravana do CPERS encerra segunda semana denunciando descaso do governo Leite com os educadores e a educação pública


“Em apenas três dias presenciamos escolas onde aluno tem aula sem luz, escola fechada há dois anos por princípio de incêndio, escola com salas interditadas pois quando chove as paredes dão choque e escola com o muro caindo. A gestão Eduardo Leite não avança, ela RETROCEDE!”.

Este é o relato da presidente do CPERS, Helenir Aguiar Schürer, no encerramento da segunda semana de Caravana do CPERS por #ReposiçãoJá, que visitou cerca de 10 municípios e diversas instituições de ensino estaduais por todo o estado nesta sexta-feira (19).

Na maioria das escolas visitadas fica nítida a morosidade do governo do Estado em resolver os problemas. O roteiro pela fronteira oeste evidenciou a realidade de falta de estrutura e abandono que as escolas públicas do Rio Grande do Sul sofrem.

A EEEM Dr. Hector Acosta em Santana do Livramento atende 890 alunos e segue em revezamento, com quatro das maiores salas interditadas há três anos por infiltração.

A diretora, Cleusa Terezinha Har Pereira, afirma que para realocar os alunos, a escola utiliza salas menores, que não têm capacidade para receber a totalidade de estudantes.

“Tivemos que interditar as salas pelos problemas elétricos e de infiltração. Estava perigoso para os alunos. Segundo a CRE não há empresas interessadas na obra, está tudo trancado e não temos mais retorno” afirma.

Em Rosário do Sul, o diretor da EEEM Plácido de Castro, Lissandro Bentes lamenta a situação do muro da escola, que está desabando.

“Este problema vem se arrastando há anos, mas quando o processo vai para Porto Alegre, paralisa. O muro fica na principal rua da cidade. Leite fala em escolas modelos, mas deveria usar os recursos para terminar as obras inacabadas há anos por todo o estado”.

Fechamento de turmas

A comunidade escolar de Livramento também luta contra o fechamento de turmas. A tradicional EEEM Professor Chaves teve seu turno da manhã fechado durante a pandemia.

A luta em defesa do Instituto Estadual de Educação Professor Liberato Salzano Vieira da Cunha foi o que garantiu a permanência do curso normal, apesar das tentativas de desmonte do governo Leite.

Na visita do sindicato, a professora Mirtha da Cunha agradeceu a resistência e lamentou a falta de valorização da categoria. “Fazemos o que é possível para manter o interesse pela profissão de educador acesa na mente dos jovens, mesmo com tanta falta de perspectiva. Lutamos porque temos paixão pela educação”.

Durante a visita, a diretora Carla Cassais, chamou a categoria para a luta. “O CPERS é mais forte com a participação ativa de todas e todos. Essa caravana também é para ouvir a base e traçar os próximos passos da nossa resistência.”

Escolas de Guaíba pedem socorro!

Os diretores diretor Cássio Ritter e Leonardo Echevarria, visitaram a região de Guaíba nesta sexta de Caravana. Durante as visitas, conversaram com a categoria sobre temas que afligem os educadores do Rio Grande do Sul.

“Entramos na justiça para que não tenhamos o desconto do vale-transporte. Nós não estávamos presencialmente na sala de aula na pandemia, mas trabalhamos todos os dias em casa, gastando e investindo muito em internet, notebook, celulares para garantir as aulas online. Não é justo que seja descontado esse dinheiro de nós”, reflete o diretor Leonardo Echevarria.  

“Nossa situação está muito difícil, a categoria está na miséria. Já são mais de 50% de perdas salariais. E os funcionários de escola que o básico para 40h é de R$620,00, imagina como sobreviver com essa miséria? Por isso, ressaltamos que a nossa luta é para reajuste para todos, para professores e funcionários de escola”, destacou o diretor Cássio Ritter.

Uma das escolas visitadas, foi a EEEF Nossa Senhora do Livramento, que convive há quase seis anos com obras inacabadas. A instituição pegou fogo em 22 de dezembro de 2016 e a construção do novo prédio, iniciada em fevereiro de 2018, foi interrompida em setembro do mesmo ano, por falta de pagamento da Seduc à empresa contratada.

Para atender os 358 alunos, divididos em 16 turmas do 1º ao 9º ano, a escola faz um revezamento em três turnos durante o dia e os estudantes vão somente três dias da semana presencialmente. O mesmo acontece com os estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA) no turno da noite.

Para suprir a demanda foi improvisada uma sala de aula no refeitório da instituição, os alunos pegam a merenda na cozinha e comem na sua própria classe. A sala da direção, secretaria e coordenação também estão no mesmo ambiente do refeitório.

A diretora Marisa Kaller dos Santos conta que para não danificar alguns materiais, ela mesma está finalizando a obra de algumas salas com recursos da escola.

“Alguns ambientes eu mesma estou tocando a obra, como a biblioteca. Não consigo ver os materiais se danificando e não fazer nada. É muito triste saber que já podíamos estar devidamente instalados e não estamos. São poucos os reparos que faltam, como piso, porta e instalação da rede elétrica. A Seduc só sabe dizer que o processo está em andamento, mas nada acontece”, desabafa Marisa.

Já na EEEM Izaura Ibanez Paiva, que atende 480 estudantes do 1º ano do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio em três turnos, está faltando banheiro.

A escola possui dois prédios distintos, mas tem somente dois banheiros em um dos prédios. Já foram feitos dois projetos que fariam mais salas: laboratório de ciências, audiovisual e mais um banheiro. Mas, infelizmente, o projeto não saiu do papel. “Passa governo e vem governo e o projeto fica para trás”, explica a diretora Andréa Oliveira dos Santos.

A escola também perdeu o adicional de local de exercício (antigo difícil acesso), de 20% para 5%, sendo que o ônibus na região circula somente até às 20h e as aulas noturnas vão até às 22h45, além das brigas de gangues com tiroteios que são frequentes no bairro.

A diretora que ganhava R$ 260,00 de difícil acesso em 2020 passou a ganhar R$ 90,00, e em 2021 passou para R$ 30,00, uma perda de R$ 230,00.

“Preenchi a ficha com as mesmas coisas dos outros anos, nada mudou na região. O perigo que enfrentamos é o mesmo. Esse dinheiro faz falta para nós. Quem não tem carro tem que pegar UBER ou colocar-se em risco com as vans clandestinas. Está muito difícil a nossa situação”, conclui Andréa.

O IEE Gomes Jardim, em Guaíba, luta há 10 anos pela cobertura da quadra de esportes. A escola que atende 1.100 estudantes sonha com o projeto que não sai do papel.

“Quando chove os alunos não podem ter aula de educação física. A quadra coberta também serviria para eventos da escola”, afirma o diretor Valmir Michelon.

Escolas da região de Santa Cruz aguardam liberação de obras há mais de anos 

A diretora do CPERS, Sandra Régio, percorreu a região de Santa Cruz, acompanhada da diretora do 18° Núcleo, Cira Kaufmann, para conversar com os educadores(as) e conhecer a estrutura das escolas da região. 

Durante visita em uma das escolas, a diretora destacou a principal pauta da caravana, a justa luta por reposição salarial da categoria. 

“É inadmissível que estejamos há sete anos com salários congelados. Estamos pressionando o governo pela urgência da reposição salarial para toda a categoria, professores e funcionários da ativa e aposentados. Nesta caravana, levaremos todas as questões apresentadas pelas escolas que visitamos para a próxima reunião com o governo”, asseverou Sandra.

“A política de Eduardo Leite é de total desmonte do ensino público. Por isso, afirmamos que ele é o maior inimigo da educação”, declarou a diretora Cira.

A primeira escola visitada pela Caravana na região foi a EEEF Bruno Agnes, onde o muro da instituição está condenado há mais de dois anos. Por conta da insegurança, foi feito um isolamento de proteção com recursos próprios para evitar qualquer acidente com as crianças. 

Além do muro, há outra estrutura isolada pelo risco de cair. Trata-se da brizoleta da escola, que está deteriorada e precisa ser demolida, mas para isso é preciso autorização do governo, o problema é a morosidade do processo.

Apesar dos problemas estruturais, a Bruno Agnes é referência em Santa Cruz do Sul e atende em média 210 alunos. Em 2020, a escola foi avaliada como uma das três melhores instituições de ensino da região pelo MEC. 

Uma das escolas mais antigas de Santa Cruz do Sul – com 82 anos de história -, a EEEM José Mânica também sofre com problemas estruturais.

Tudo começou em 2012 quando o prédio que abrigava as salas de aula teve que ser demolido por rachaduras profundas que comprometiam sua estrutura.

Como medida emergencial, o governo adquiriu, no ano seguinte, quatro contêineres para que fossem transformados em salas de aula. A estrutura é muito frágil e as paredes são de gesso acartonado.

A estrutura é alugada e o governo desembolsa cerca R$ 8 mil por mês para manter o espaço. 

O refeitório da escola está improvisado em um outro contêiner, alugado em 2016. Os contêiner tinham validade até 2018. Mas já se passaram três anos e nada foi feito. A cada ano, o prédio vai entortando mais e vai cedendo.

Das sete salas, três tiveram que ser ocupadas para abrigar a sala de recursos, biblioteca, informática, supervisão e orientação. Destas, apenas quatro são, de fato, salas de aula.

Assim como em diversas outras escolas visitadas durante a caravana, a justificativa do governo para a situação é a que o projeto está parado na Secretaria de Obras.

Graças ao descaso do governo, a comunidade da José Mânica se mobiliza para cuidar da estrutura da escola. As tintas da pracinha, por exemplo, foram adquiridas através da doação de pai de aluno; a direção também comprou ar-condicionado com dinheiro da própria instituição. 

Hoje a escola atende quase 500 alunos de cinco bairros. Antes da demolição do prédio, atendia cerca de mil.

Durante a passada por Santa Cruz, a Caravana do CPERS ainda visitou as seguintes instituições: EEEM Ernesto Alves de Oliveira, EEEM Fábio Nackbar Candelaria, Escola Afonso RABUSKY e Escola Rosário.

Escolas de Taquara não podem mais esperar o descaso do governo Leite 

O segundo vice-presidente do CPERS, Edson Garcia e a diretora do 32° Núcleo (Taquara), Simone Goldschmidt, estiveram em escolas estaduais da cidade para conversar com a base e conferir como está a situação das instituições.

Na primeira escola visitada, a EEEM Dirceu Marilio Martins, o diretor Luiz Carlos Santos relatou que a principal demanda é a troca da fiação elétrica, que possui 40 anos. “Se todos os ar-condicionados forem ligados ao mesmo tempo, cai a chave. Teve tardes que chegou a cair cinco vezes”, contou.

Ao perceber a formação de bolsões de água muito próximos à fiação elétrica do teto, Luiz recorreu aos recursos da autonomia financeira. “Tive que usar esse dinheiro, que é para questões do dia a dia”, explicou.

A instituição também precisa de conserto no telhado e está sem supervisor escolar há dois anos, sem orientador e bibliotecário.

Um prédio da EEEM Felipe Marx, construído em 2001, está com a estrutura totalmente comprometida. As seis salas do local estão interditadas, pois há extensas rachaduras que chegam a expor as vigas e o piso das salas de aula está afundando. O perigo é eminente.

O diretor Januário Marques de Souza tenta desde 2015 que a Seduc faça a vistoria do local. Mas até o momento isso não ocorreu.

Depois de muita insistência, conseguiu uma reunião com a coordenação da 2° Coordenadoria Regional de Educação (CRE). “A situação ficou protocolada em regime de urgência sob análise. Mas só agora fizeram isso. Estamos pedindo desde maio do ano passado”, observou o diretor.

“Um prédio que tomba não é acidente, é negligência” alertou.

A EEEM Willibaldo Bernardo Samrsla-CIEP enfrenta um problema parecido. A caixa d’água há anos ameaça despencar. Na última conversa com a CRE, a direção ouviu como resposta que deveria conversar com a prefeitura sobre a situação.

Frente a fragilidade constatada nas escolas, a diretora Simone ressalta que a secretária de Educação, Raquel Teixeira, demonstra estar muito distante da realidade das instituições públicas gaúchas. “Ela não é da educação pública, nem conhece e parece que também não quer conhecer. Sabe bem é da educação privada.”

Sobre o anúncio do governo de que vai transformar 56 instituições em escolas modelos, o 2° vice-presidente Edson alerta: “não vão fazer. Não há tempo para isso. Estamos a menos de um mês para o final do ano letivo. Vão fazer pequenos reparos, só de fachada, para enganar.”

Além das escolas mencionadas, a Caravana do CPERS também visitou a Escola Estadual 27 de Maio durante o dia em Taquara.

#CaravanaCPERS 

Goteiras, buracos no telhado e mofo nas paredes. Essa é a realidade do IEE Fagundes Varela, em Três Passos, onde a secretária-geral do CPERS Suzana Lauermann e a diretora Vera Lessês, acompanhadas de representantes do 27° núcleo, conversaram com a comunidade escolar e constataram a realidade de abandono das escolas pelo governo Leite.

A diretora Juçara Borges visitou escolas da região de Estrela, acompanhada da diretora do 8º Núcleo do CPERS, Eloede Maria Conzatti.

As instituições visitadas foram: a EEEM Santo Antônio, o Colégio Estadual Presidente Castelo (Castelinho), o CE Barão de Antonina (Taquari), o IEE Pereira Coruja (Taquari), a EEEF Carlos Fett Filho e a EEEF São João Bosco (Lajeado).

O vice-presidente do CPERS, Alex Saratt e a diretora do 28º Núcleo (Soledade), Magale Eicheler da Rocha, visitaram escolas dos municípios de Tapera, Espumoso e Soledade.

Uma das situações mais preocupantes foi a verificada na EEEM Dionísio Lothário Chassot, em Tapera. Há mais de dez anos, a instituição aguarda pela reforma elétrica geral em suas instalações. Três equipes diretivas passaram pela escola sem que o problema fosse resolvido.

Anualmente a escola recorre a 25ª CRE na tentativa de ter a demanda atendida.

Para deixar a escola em condições de uso são realizadas manutenções com eletricistas, que sempre orientam a ter cautela quanto ao uso de equipamentos elétricos.

Após solicitação da direção da escola, um engenheiro elétrico da Coordenadoria Regional de Obras Públicas (CROP) foi até a escola e constatou a precariedade das instalações. No entanto, ainda não há previsão para a reforma ser concretizada.

“A situação é muito preocupante, pois o perigo é eminente. Por precaução, a escola precisa manter desligados equipamentos como ar-condicionado e ventiladores, o que acaba provocando desconforto e dificuldade para trabalhar e estudar”, avaliou o 1 º vice-presidente.

“Hoje vimos colegas muito interessados em fazer a luta para pressionar o governo Leite a dar a reposição salarial para a categoria. Professores e funcionários de escola estão enfrentando muitas dificuldades pelos salários defasados e pelos constantes descontos nos contracheques”, analisou a diretora Magale.

No decorrer do dia, os diretores também visitaram as escolas IEE Nossa Senhora Imaculada, EEEM José Clemente Pereira e EEEM Júlia Lopes de Almeida.

O diretor Amauri Pereira da Rosa, acompanhado da diretora Neuza Marques, esteve em escolas de Cambará do Sul, pertencente ao núcleo de Taquara.

Na EEEM Imaculada Conceição, a direção relatou a falta de professor(a) de Matemática  e de um secretário(a) de escola.

Localizada no interior do município, no bairro Santana, a EEE Raia esteve na eminência de fechar,  mas a direção mobilizou a comunidade e pressionou o poder público e a CRE para que não  fechassem a escola. No entanto, não sabem o que acontecerá no próximo ano. A diretora solicitou abertura do 6 ° ano, mas ainda não obteve resposta.

A direto Rosane Zan visitou escolas da região de Passo Fundo: EEEM Anna Luiza Ferrão Teixeira, EEEM Ernesto Tochetto, EEEM Lucile Fragoso de Albuquerque.

Na próxima semana o CPERS dá continuidade a Caravana por #ReposiçãoJá para verificar a situação das escolas e mobilizar a categoria pela justa reposição salarial. 

Confira a agenda da última semana da #CaravanaCPERS: 

24/11 | Quarta-feira

Frederico Westphalen
São Borja
Cruz Alta
Bagé
Rio Grande
Porto Alegre
Osório

25/11 | Quinta-feira

Palmeira das Missões
São Luiz Gonzaga
Ijuí
São Gabriel
Pelotas
Porto Alegre
Osório

26/11 | Sexta-feira

Carazinho
Cerro Largo
Santo Ângelo
Cachoeira do Sul
Camaquã
Porto Alegre
Osório


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