Aumento no número de pretos e pardos no Brasil revela fortalecimento da consciência racial


Desde 1991, ano em que o Instituto de Geografia e Estatística (IBGE) adotou as cinco categorias raciais – pretos, pardos, indígenas, amarelos e brancos – o Censo revela que, pela primeira vez, o percentual de pessoas autodeclaradas pardas supera o percentual de pessoas brancas. Realizado em 2022, o estudo mostrou que 45,3% dos brasileiros se reconhecem como pardos e 10,2% como pretos.

A mudança na percepção étnico-racial dos indivíduos está fortemente vinculada à possibilidade da população nacional reconectar-se com sua ancestralidade e encontrar espaços de conscientização racial. Iniciativas nesse sentido, como o Coletivo Estadual de Igualdade Racial e Combate ao Racismo do CPERS, criado em 2015 e coordenado pelo 2º vice-presidente do Sindicato, Edson Garcia, contribuem para o distanciamento de referenciais históricos construídos pela branquitude escravocrata, empoderando a comunidade negra.

“O aumento do percentual de pessoas que se autodeclaram pretas e pardas no Brasil retrata que uma população miscigenada, por essência, está se reconhecendo e se orgulhando disso”, explica Edson.

No ano passado, o Coletivo Estadual esteve presente no Julho das Pretas Unificado, que reverenciou o legado das mulheres negras gaúchas, e lançou a campanha “Povo Traído, Povo Escravizado” junto ao Movimento Quilombista Brasileiro. A iniciativa se propôs a questionar os erros históricos em símbolos do Rio Grande do Sul, realizando uma série de atividades de formação e de celebração ao longo do Novembro Antirracista. 

“Certamente contribuímos para o resultado do Censo, pois acompanhamos de forma aprofundada professoras, funcionárias e alunos das escolas públicas estaduais que reconhecem a sua origem ancestral e desenvolvem, cada dia mais, suas consciências e o debate antirracista”, ressalta o professor Edson. 

Seguindo as diretrizes do Coletivo Estadual, os núcleos do CPERS têm inaugurado seus coletivos regionais para acelerar a tomada de ações antirracistas. Até agora, Osório (13º), Santa Maria (2º), Pelotas (24º) e Rio Grande (6º) já contam oficialmente com suas representações locais. 

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