Nesta quinta-feira (12), o 2º vice-presidente do CPERS, Edson Garcia, e a diretora do Departamento de Saúde do Trabalhador e representante do Sindicato no Conselho de Administração do IPE Saúde, Vera Lessês, participaram de audiência pública, na Assembleia Legislativa, sobre a crise do IPE Saúde.
A iniciativa, realizada pela Comissão de Segurança, Serviços Públicos e Modernização da Assembleia Legislativa foi presidida pelo deputado Edgar Pretto (PT) e proposta pelas deputadas Sofia Cavedon (PT) e Luciana Genro (PSOL).
Atualmente, o IPE-Saúde deve mais de R$ 1 bilhão a prestadores de serviços, especialmente hospitais e clínicas, que registram a maior parte do passivo.
O 2º vice-presidente do CPERS, Edson Garcia, ressaltou que o reflexo do que está acontecendo com o Instituto, iniciou no governo José Ivo Sartori (MDB), que dividiu o IPE em duas autarquias. “Uma fazendo a gestão de bens e patrimônio e outra sendo sucateada. É inadmissível pensar que quem sustenta o IPE são, em sua maioria, nós trabalhadores e trabalhadoras que recebemos os menores salários do estado”, destacou.
“A crise do IPE é culpa da má gestão que o estado tem feito nos últimos anos. Nós estamos com 58% de defasagem salarial, consequentemente, a autarquia está com as receitas estagnadas. A verdade é que o IPE é usado como casa de passagem de políticos que ficam na presidência até conseguirem um cargo na Assembleia. O CPERS fará toda a luta necessária para manter o IPE público e solidário, porque a nossa categoria precisa disso”, desabafou Vera Lessês.
A deputada Luciana Genro (PSOL), frisou os problemas enfrentados pelos usuários do IPE Saúde, que seguem contribuindo e não têm acesso a vários atendimentos. “Temos recebido inúmeras queixas. Há diversas especialidades em que não há mais atendimento, além de cirurgias que não são realizadas. E quando conseguem consulta, a demora é imensa.”
“Eu estou evitando consultar pelo IPE, pois nunca tem o especialista que preciso. Tenho ido aos médicos pelo SUS, pois não dá para esperar ou ficar sem atendimento”, expôs a aposentada Ana Maria Cristina Rodrigues, exemplificando o cenário exposto pela parlamentar.
Para a deputada Sofia Cavedon (PT) o governo não assume a responsabilidade sobre a situação do IPE. “Desmontar uma estrutura dessas é responsabilidade dos governos Sartori, Leite e Ranolfo. Com mais de 50% de diminuição dos salários dos servidores, o impacto foi brutal. O estado tem dinheiro, tem recursos e tem a obrigação legal de suprir o déficit por conta do patrimônio.”
Bruno Jatene, presidente do IPE Saúde, voltou a apresentar dados sobre as despesas do Instituto, a estagnação das receitas, tabelas de valores dos prestadores e informações já conhecidas, sem, novamente, apresentar um caminho viável para a recuperação do Instituto.
“A apresentação do presidente do IPE coloca a culpa da situação da crise nos assegurados e em seus dependentes. Além disso, teimam em comparar o sistema da autarquia com planos de saúde privados. É um absurdo”, pontuou a presidente do Sinapers e representante da União Gaúcha no IPE Saúde, Kátia Terraciano Moraes.
No final da audiência foi deliberado que será produzida uma Carta de Reivindicações dos servidores públicos, que será entregue ao governador Ranolfo Vieira Júnior (PSDB) e aos candidatos a governador.