Falta de luz, arrombamentos, furtos e goteiras por toda parte. Desde setembro do ano passado, o Colégio Estadual Vila Becker, localizado no bairro Operário, em Novo Hamburgo, é retrato do abandono e descaso do governo Eduardo Leite (PSDB).
Alvo de inúmeros arrombamentos e furtos – com seis casos em um intervalo de oito dias -, a escola enfrenta a falta de segurança estrutural e sanitária, além da carência de funcionários(as), condições que impedem qualquer possibilidade de retorno das aulas presenciais.
A diretora do Vila Becker, Bernadete Fasolo, explica que o entorno da instituição é rodeado por vegetação, o que acaba facilitando a entrada de ladrões.
“Um dia entraram, foram até duas salas, roubaram ventiladores e quebraram vidros. Na medida que foram tirando os ventiladores, modificaram a fiação”, explica.
O último furto ocorreu em 12 de janeiro. Ao todo, já foram levados 17 ventiladores, pias e torneiras dos laboratórios, bebedouros, além de atos de vandalismos que danificaram vários materiais didáticos. Também há goteiras pelos corredores e os banheiros não estão habilitados para uso.
Conforme a diretora, a escola está há meses sem luz, pois os fios de alimentação das salas também foram roubados.
“Tenho quatro postes de alimentação das salas e pavilhões. Os ladrões subiram nos postes e cortaram os fios que alimentam esses lugares. É um fio grosso, tem muito cobre. Eu não tenho luz em nenhum lugar da escola, a não ser no administrativo, que é alimentado por outra via”.
Várias notificações foram enviadas para a Secretaria da Educação (Seduc), mas nada foi feito.
“É de conhecimento de todos. A coordenadora tem conhecimento porque eu tenho quatro ou cinco boletins de ocorrência e mandei todos para ela, tinha que chamar a brigada, fotografar tudo, mandava para a coordenadora fotos e boletins de ocorrência. O setor de obras da 2ª CRE está todo informado; tem todos os relatórios e fotos, mas eu sei que eles estão em tratativas”
Após pressão do CPERS e da comunidade escolar, um engenheiro que integra a Coordenadoria Regional de Obras Públicas (CROP) visitou, nesta manhã, o Vila Becker para analisar as condições estruturais da instituição.
Vila Becker resiste!
Desde que o governo Leite impôs o retorno das aulas presenciais com o modelo híbrido, os pais começaram a cobrar uma posição sobre as condições precárias da escola. A diretora, então, convocou quatro reuniões com todos os pais de cada série.
No encontro com a turma 81, com alunos que vêm do município, uma mãe encabeçou uma mobilização junto a pais de outra turma para exigir a reestruturação da escola, mais recursos humanos e condições sanitárias para o retorno das aulas presenciais.
Para firmar a resistência, o grupo de pais agendou um ato para as 10h deste sábado (22), em frente à instituição, com toda a comunidade escolar.
Pai de aluno do oitavo ano e um dos organizadores do movimento, César Dornelles, destaca a urgência em restabelecer as condições estruturais da escola.
Ele também considera inviável a retomada das aulas presenciais mediante à gravidade da pandemia. “Mesmo com o cumprimento do protocolo sanitário, muitas escolas estão precarizadas em suas instalações e vai ser difícil controlar as crianças”, explica.
César, que fez uma charge compartilhada em grupos do Facebook denunciando o descaso, também conta que faltam recursos humanos. A escola não possui coordenadora, supervisora, secretária, vice-diretora e nem funcionários suficientes para os serviços gerais.
“Só tem uma pessoa de serviços gerais. Como as salas vão ser preparadas para o protocolo sanitário com esta defasagem?”, questiona.