Reduzir o número de CREs é um equívoco que afetará milhares de educadores(as)


Por meio da imprensa, o governo Leite anunciou sua intenção de reduzir o número de coordenadorias regionais de Educação (CREs) em 60%, de 30 para 12. O CPERS é contrário à medida. O corte tornaria ainda mais precário o atendimento realizado pelo Estado aos(às) educadores(as), que dependem dos órgãos para encaminhar diversas demandas relativas à sua vida funcional, e dificultaria o acesso a direitos para uma categoria que já sofre com o descaso, a miserabilidade e a desvalorização.

O principal argumento utilizado para justificar a medida – a informatização e a digitalização de documentos – seria válido se grande parte dos procedimentos não dependesse do elemento presencial. Pelo contrário, processos como a prestação de contas por parte das direções escolares e a apresentação de documentos de servidores(as) para diversos fins ainda necessitam do atendimento físico nas CREs.

Ademais, se os(as) educadores(as) gaúchos(as) mal tem recursos para pagar o deslocamento até o local de trabalho, como poderão arcar com viagens mais longas para chegar às suas CREs? Servidores hoje lotados no município de Doutor Maurício Cardoso, por exemplo, precisariam tomar seis ônibus para ir e voltar da CRE de Cruz Alta caso a regional de Santa Rosa seja extinta. Este e muitos outros casos demonstram que há déficit, e não excesso, de pessoal e estrutura administrativa para atender a categoria.

O novo governo tem uma excelente oportunidade de demonstrar seu comprometimento com a educação pública e a valorização dos educadores(as) neste início de mandato, quando indicar quem vai ocupar as novas coordenações e equipes de cada regional. Basta que inverta a lógica vigente de tratar as CREs como instrumento político e cabide de empregos para agradar aliados.

É hora de tratar com seriedade a administração da Seduc. São constantes as reclamações sobre a qualidade e eficiência do atendimento em diversas coordenadorias. Se há um problema, é preciso melhorar a gestão e os serviços prestados pelos órgãos regionais, e não submetê-los à lógica fria da tesoura para reduzir gastos.

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