Secundaristas tomam as ruas da capital em defesa do direito de estudar e dos educadores(as)


Nesta sexta-feira (30), milhares de estudantes do Rio Grande do Sul tomaram as ruas da capital em defesa do meio passe, contra o parcelamento dos salários dos educadores(as) e os cortes na educação. Escolas de todo o Rio Grande do Sul se uniram à mobilização, organizada pela Umespa, UEE-Livre e UGES.

O prefeito Nelson Marchezan, o governador Eduardo Leite e o presidente Jair Bolsonaro foram lembrados durante toda a manifestação. Marchezan quer tirar o meio passe dos estudantes, Leite parcela e atrasa os salários dos(as) professores(as) e sucateia a educação e Bolsonaro protagoniza múltiplos ataques à área, incluindo cortes que ultrapassam a ordem de R$ 5 bilhões.

A manifestação começou com concentração às 8h em frente ao Colégio Júlio de Castilho. “Hoje não é só um dia normal de manifestação, é o dia de lutar pelo meio passe, por nossos professores e pela educação pública”, afirmou o representante do Grêmio do Julinho, Homero Bailar.

“Faltam professores, o mato está pelo pescoço tomando conta da escola e a estrutura do colégio está comprometida. E Eduardo Leite não repassa as verbas necessárias para a manutenção da escola”, reclama o presidente do Grêmio da Escola Estadual Vila Lobos, Leonardo Balsamo.

O estudante Pedro Feltrin, do Instituto Federal de Educação Campus Alvorada, destacou os cortes do governo federal e prometeu luta. “Se esse governo é o governo das armas, nós seremos a geração dos livros”, afirmou.

“Estamos hoje nas ruas para derrotar Marchezan, Leite e Bolsonaro. Vamos mostrar que a juventude unida tem força. Vamos derrotar os inimigos da educação”, declarou o estudante Giovane Culau, presidente da União da Juventude Socialista.

“O prefeito quer tirar o nosso meio passe, o governador atrasa salários, tira a comida do prato dos nossos professores e fecha escolas. Nossos professores estão pedindo dinheiro emprestado para se alimentar e poder dar aula. Não vamos permitir que isso continue. Vamos lutar até o fim”, declarou o estudante Maicon Silva, da escola Rubem Berta.

Logo após, os manifestantes seguiram em caminhada até a Secretaria Estadual de Educação (Seduc), passando pela Prefeitura de Porto Alegre. No pátio da Seduc, o Batalhão de Operações Especiais (BOE) estava posicionado para impedir a entrada dos manifestantes.

Em frente ao local, o grupo cobrou do governo os 45 meses de salários parcelados e atrasados dos servidores, a falta de educadores(as), o fechamento de escolas e a ausência de investimentos.

O coordenador do Departamento de Juventude do CPERS, Daniel Damiani, relatou o quadro caótico em que se encontra a educação pública estadual, exemplificando com situações como o fechamento de turnos e turmas, enturmações, falta de professores e funcionários, estrutura física precária e contratação de educadores(as) por tempo determinado, que trabalham há meses sem receber.

Damiani também frisou que a categoria está sem reajuste salarial há quase 5 anos.  “Nós precisamos nos unir cada vez mais, professores, funcionários, estudantes e pais. Porque o que está acontecendo na geração de vocês com os governos Sartori e Leite, que representam o mesmo projeto, é a mesma coisa. É um desmonte tremendo das escolas públicas. A luta de vocês pelo meio passe é pelo direito de frequentar a escola.”

“Estão enturmando as turmas e ignorando o fato que tem uma evasão enorme dos estudantes, que estão abandonando a escola porque a passagem de ônibus de Porto Alegre está muito cara. Então essa luta de vocês pelo meio passe é, na verdade, pelo direito de estudar. E o que o governo faz com quem está abandonando a escola? Ele comemora, porque aí ele enturma e fecha escolas”, observou Daniel.

“Estamos cansados de chegar na sala de aula e ver nossos professores sem dinheiro para comer, sem sequer o dinheiro da passagem para trabalhar. Vemos estas situações na escola Rubem Berta, onde os professores já pediram dinheiro no sinal para se alimentar, para pagar consultas e ir ao médico. Então, estamos aqui hoje justamente para defender nossos professores. Sem esquecer de denunciar os absurdos cortes que Bolsonaro está fazendo na educação. Estamos aqui hoje para construir a resistência”, declarou Vitória Cabreira, presidente da União Metropolitana dos Estudantes Secundários de Porto Alegre (Umespa).

Secretário assume compromisso de não demitir contratados(as)

Enquanto os estudantes finalizavam a manifestação em frente à Seduc, a presidente da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa, deputada Sofia Cavedon (PT), reuniu-se com o secretário Faisal Karam, que, segundo ela, assumiu o compromisso de não realizar demissões em massa de contratados(as) no fim do ano.

Também participaram da audiência com a Seduc o deputado Sebastião Mello (MDB) e representantes dos deputados Issur Koch (PP) e Fernando Marroni (PT).

Dando continuidade a luta pelos direitos dos educadores(as) contratados, o CPERS realiza na próxima terça-feira, dia 03,  Ato Estadual, na Praça da Matriz, a partir das 10h.

O objetivo é pressionar deputados(as) para que aprovem a emenda parlamentar ao PL 392/2019, que autoriza o Poder Executivo a realizar a contratação emergencial de 5 mil professores(as) e sinaliza para a realização de concurso público a partir de 2020. Protocolada pela Comissão de Educação da Assembleia Legislativa, a emenda propõe garantir a manutenção dos atuais contratos emergenciais até que sejam substituídos por nomeados.

O CPERS defende o teor da emenda, bem como a realização imediata de concursos públicos.

Os núcleos do CPERS disponibilizarão ônibus para a capital. Contate o seu e mobilize-se!

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