Na noite desta quarta-feira (24), o Departamento de Saúde da(o) Trabalhadora(or) do CPERS promoveu uma live especial em alusão ao Setembro Amarelo, mês dedicado à conscientização sobre saúde mental e prevenção ao suicídio. O evento, intitulado “Setembro Amarelo: cuidar da vida é um ato de resistência!”, trouxe reflexões e propostas para que educadoras(es) possam preservar a sua saúde mental, mesmo em um contexto tão desafiador.
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Com mediação da diretora Daniela Peretti, integrante do Departamento organizador, a atividade contou com a participação da psicóloga Patrícia Marafon, técnica do Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas de Saúde e Ambientes de Trabalho (DIESAT), do presidente da entidade, Alex Ricardo Fonseca, além da educadora e presidente do CPERS, Rosane Zan.
Cuidar da vida é um ato de resistência
O CPERS soma-se à campanha do Setembro Amarelo, mês de conscientização e prevenção ao suicídio, por acreditar que o cuidado com a saúde mental é essencial diante de um cenário cada vez mais adverso para a categoria.
Na abertura da transmissão, a diretora Daniela Peretti ressaltou a importância de dialogar sobre essas dificuldades impostas pelo governo Eduardo Leite (PSD). Ela saudou as(os) presentes, incentivou a participação por meio de perguntas e destacou que “cuidar da vida também é um ato de resistência”.
A presidente do CPERS, Rosane Zan, iniciou sua fala frisando a necessidade da empatia e reforçando o papel do Sindicato como espaço de apoio. Segundo ela, a live “é um importante momento de pensarmos que cada vida é uma história, então é também o momento de fazer uma escuta, uma ajuda para quem precisa”. Rosane convocou as(os) educadoras(es) a se engajarem e compartilharem suas experiências, lembrando que “não é fraqueza quando compartilhamos nossas dores, é sim um ato de coragem”.
Já Alex Fonseca, presidente do DIESAT, elogiou a coragem da direção ao trazer o tema: “a pessoa que está em sofrimento psíquico sofre e ninguém vê, mas ela está sentindo”. Ele destacou que, neste período pós-pandemia, em que tantas pessoas se tornaram mais expostas e fragilizadas, a discussão ganhou ainda mais relevância: “Parabéns à direção do Sindicato por trazer esse debate”.
O afastamento por saúde mental tem gênero, idade e rosto
Com o tema “O Movimento Sindical e o Enfrentamento às Violências no Trabalho”, a psicóloga Patrícia Marafon, do DIESAT, resgatou a trajetória da luta pela saúde das(os) trabalhadoras(es), destacando que, embora tenha havido avanços significativos ao longo dos anos, ainda há muito a conquistar. Ela também apresentou o DIESAT e convidou as(os) educadoras(es) a acessarem o portal da entidade, onde estão disponíveis materiais de estudo.
Patrícia reforçou a relevância do Setembro Amarelo como um período fundamental para o debate sobre saúde mental, ressaltando, porém, que essa discussão deve ocorrer durante todo o ano.
Segundo a psicóloga, o trabalho ocupa um lugar central nesse debate, mas é necessário considerar o contexto de cada trabalhadora(or). No caso das mulheres, que representam a ampla maioria na educação, é imprescindível abordar a sobrecarga gerada pelas tarefas domésticas. Nesse ponto, ela apresentou um dado importante: mulheres dedicam, em média, 21,4 horas semanais a essas atividades, enquanto homens destinam apenas 11 horas.
Outro fator de grande impacto para o adoecimento mental é o assédio, tanto moral quanto sexual. Patrícia destacou a urgência de enfrentar esse problema e refletir sobre como a sociedade tem lidado com uma questão que pode ser profundamente adoecedora.
>> Confira a cartilha do CPERS “Assédio é Crime”
Durante sua apresentação, Patrícia destacou que, entre 2014 e 2024, foram registrados 22.077 casos de adoecimento mental relacionados ao trabalho. Desses, 66,5% envolviam mulheres, mas a psicóloga alertou para a provável subnotificação desses dados.
No que diz respeito especificamente às(aos) professoras(es), Patrícia apresentou um dado alarmante: docentes do Ensino Médio são as(os) que mais se afastam do trabalho, tanto mulheres (33,2%) quanto homens (14,3%). O destaque negativo ficou por conta da depressão, responsável por cerca de 33% desses afastamentos.
Cuidados e diálogo são o caminho
Segundo a psicóloga, alguns cuidados individuais, aliados ao coletivo, podem contribuir para transformar a realidade ao redor. Entre as práticas destacadas, estão: desconectar-se das redes sociais, garantir boas noites de sono, manter uma alimentação equilibrada, estar próximo de quem se ama, reservar tempo para o lazer e para a atividade física. Essas atitudes, segundo Patrícia, são exemplos fundamentais de atenção à saúde mental.
Em relação a outro tema central neste mês — o suicídio e sua prevenção —, ela ressaltou que a conscientização não pode se limitar a uma postagem nas redes sociais em setembro. Prevenir essa tragédia exige um compromisso diário, baseado em acolhimento, cuidado, carinho e escuta atenta a quem sofre. Patrícia enfatizou ainda a importância de não tratar o assunto como tabu, mas sim com a naturalidade necessária para que seja discutido de forma aberta e responsável.
Governo Leite é uma das principais causas do adoecimento dos educadores
Salário defasado, sobrecarga, IPE Saúde enfraquecido. Diante de um governo que insiste em não reconhecer a urgência de melhorias nas condições de trabalho, esses são apenas alguns dos desafios diários enfrentados pelas(os) trabalhadoras(es) da educação pública do RS. Por isso, é mais do que necessário buscar ferramentas que possibilitem uma melhoria na qualidade da saúde mental, para além dos espaços tradicionais.
Através do seu Departamento de Saúde da(o) Trabalhadora(or), o CPERS reforça que continuará sendo parceiro da categoria na busca por melhorias das condições de trabalho e de salário, para que, enfim, nossa saúde mental possa florescer.
>> Confira, abaixo, a íntegra da live: