Na contramão do que recomendou o Comitê Científico de Apoio ao Enfrentamento à Pandemia da Covid-19, que orientou redobrar os cuidados diante da variante Delta, o governo emitiu novo decreto flexibilizando os protocolos de segurança.
Entre as medidas previstas na nota técnica publicada pelo Comitê no dia 9 de agosto, consta “Reforçar os cuidados em ambientes de sala de aula, em virtude do retorno presencial das escolas e instituições, em um cenário de cobertura vacinal baixa e incompleta.”
No dia seguinte (10), o governo reduziu o distanciamento mínimo entre as classes, em sala de aula, para apenas um metro. Uma decisão precipitada e, frente às incertezas trazidas pelo avanço da variante Delta, irresponsável.
De acordo com estudo recente da Rede de Pesquisa Solidária – que reúne mais de 100 pesquisadores de diversas universidades do país -, o Rio Grande do Sul está em 17º lugar em índice que mede a segurança das aulas presenciais.
Sem atender a protocolos básicos na rede pública, como a existência de um programa de monitoramento, salas bem ventiladas e máscaras de qualidade (PFF2), o governo abre mão das poucas medidas de segurança existentes para atender às reivindicações de empresários(as), que pretendem acabar com o rodízio de turmas alternadas no ensino privado.
Outro estudo, divulgado pelo Jornal da USP em julho, aponta que a conjunção de monitoramento, turmas alternadas, máscaras bem utilizadas e educadores(as) de PFF2 podem reduzir o aumento relativo de casos relacionados à abertura das escolas de 1141% para 10%. Nenhuma dessas medidas é prioridade para o Rio Grande do Sul.
O fato da flexibilização ocorrer sem o aval ou conhecimento do Comitê Científico do próprio Estado é revelador da falta de compromisso do governo com a saúde da comunidade escolar.
Leia aqui a íntegra da Nota Técnica do Comitê Científico