Formação e piso salarial pautam debates do Coletivo de Funcionários da educação da CNTE


Nesta quinta (20) e sexta-feira (21), o Coletivo dos Funcionários da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) se reuniu, em Brasília, para debater sobre a conjuntura educacional e geral da categoria. O evento contou com a participação de 26 sindicatos.

Representando o CPERS, a diretora do Departamento de Funcionários(as) da Educação, Juçara Borges, participou da atividade.

Aqui no Rio Grande do Sul, enfrentamos desafios com o governo de Eduardo Leite, que, infelizmente, não tem dado a devida valorização aos funcionários de escola. Nossos salários estão defasados em mais de 60% e há quase nove anos não recebemos qualquer reajuste. A falta de diálogo por parte de Eduardo Leite em relação a essa questão tem sido um obstáculo para avançarmos”, asseverou.

A diretora também enfatizou que o CPERS está empenhado na luta pela discussão salarial e pela pressão para a realização de concursos públicos para os funcionários(as) da educação. “É crucial que o governo abra espaço para o diálogo e reconheça a importância de valorizar os servidores de escola, que são fundamentais para o funcionamento das instituições de ensino e para a educação de qualidade no estado”, afirmou.

O secretário de Funcionários da Educação da CNTE, José Carlos Bueno do Prado, o Zezinho, comemorou a volta dos encontros presenciais dos coletivos, já que nos últimos anos a pandemia impossibilitou esses momentos. “Foram anos difíceis que agora a gente tem que acelerar para recuperar”, destacou.

Ele lembrou que os trabalhadores(as) da educação elegeram o presidente Lula (PT), mas ainda assim é preciso muita luta pela garantia dos seus direitos. “Em alguns ministérios, principalmente no que mais nos interessa, o MEC, é uma batalha imensa que estamos travando e teremos que continuar”, ressaltou.

Secretário executivo da CNTE, José Valdivino Moraes, fez coro com Zezinho ao dizer que é muito importante entender que, por mais que o atual governo seja de esquerda, a sociedade votou em políticos que não têm afinidade com a pauta dos trabalhadores(as) em educação.

Nesse contexto, ele destacou que é necessário retomar a formação dos funcionários(as) das escolas públicas, seja por meio do Programa Profuncionário, do Ministério da Educação (MEC), ou através de outras políticas públicas. Valdivino defendeu, também, que o piso salarial não seja fixado apenas para o magistério, mas para todos os profissionais da educação. “Assim, unimos a força que temos enquanto funcionários, juntamos com os professores e nós teremos um piso salarial nacional.”

Secretária de Assuntos Educacionais da Confederação, Guelda Andrade, seguiu a linha de que é preciso olhar, primeiro, para o cenário político. Mas ela foi além ao destacar que o governo Lula tem uma frente ampla. “Precisamos ter muita cautela e pensar estrategicamente as nossas ações para que a gente consiga dar continuidade aos nossos planos”, disse.

Para Guelda, o processo de formação é fundamental para que todos esses trabalhadores se tornem, de fato, educadores(as), como está definido na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a LDB. “Lá está bem designado como eu sou reconhecida como profissional da educação. Se eu não tiver essa formação, eu estou no chão da escola como trabalhadora da educação”, alertou.

A ex-senadora Fátima Cleide, autora do Projeto de Lei que deu origem à LDB, em 2009, contou que só chegou ao parlamento devido à luta da classe trabalhadora. “Tudo isso tornou possível a gente alterar a Constituição Federal, onde mudamos de ‘valorização do magistério’ para ‘valorização dos profissionais’.”

Fátima falou em esperança para a retomada de políticas que não mudem apenas o nome no plano de cargos, mas que realmente reconheçam o profissional que tenha jornada de trabalho estabelecida, formação e salário. “Que a gente possa retomar os espaços que precisamos para fortalecer a nossa luta”, concluiu.

João Alexandrino, presente!

Os funcionários da educação também fizeram um minuto de silêncio em homenagem a João Alexandrino, companheiro de muitas lutas da categoria. Ele faleceu em março deste ano.

Alexandrino foi dirigente do Sindicato dos Trabalhadores(as) em Educação do Estado de Pernambuco (Sintepe) e ocupou como coordenador o Departamento de Funcionários da Educação (DEFE) da CNTE. Ele defendia o lema de “funcionário da educação é também educador”, enquanto participava da política sindical para romper a invisibilidade dos funcionários e funcionárias das escolas brasileiras.

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Assessor jurídico da CNTE reforça a necessidade de profissionalização dos trabalhadores da educação

Já nesta sexta-feira (21), o Coletivo debateu sobre um assunto de muito interesse da categoria: o piso salarial nacional para todos os profissionais do setor.

Estavam na pauta de discussão os projetos de Lei (PLs) 3.817/20  e 2.531/21. O primeiro, que está pronto para a pauta da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados (CCJC), institui o piso salarial profissional nacional do secretário escolar. O outro, que ainda começará a tramitar na Casa, institui o piso para os profissionais que trabalham nos setores técnico e administrativo das escolas de educação básica.

Informações: CNTE

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