Como parte das Plenárias Regionais do CPERS, que estão ocorrendo pelo Estado até o dia cinco de abril, o 22º Núcleo – Gravataí, realizou encontro nesta quarta-feira (27), na Escola Isabel de Espanha, em Viamão. Na ocasião, representantes da direção central do Sindicato visitaram escolas do município para discutir as reivindicações mais urgentes da categoria e verificar as condições das escolas neste início de ano letivo.
Durante uma das visitas, o diretor da Escola Estadual Farroupilha, Jussemar da Silva, ressaltou que todo ano as expectativas para o início do período letivo são altas, mas sempre surgem problemas que precisam ser solucionados com a ajuda da comunidade escolar, já que as questões com o governo são sempre mais “amarradas”.
As funcionárias da escola, Aline de Souza Nunes, Cláudia Silva e Marli Pereira relataram as dificuldades para conseguirem manter uma vida estável em razão dos 39 meses de atraso no pagamento dos salários e de anos sem reajuste. Aline, que trabalha há 10 anos no Estado, expõe que “após o governo Sartori, a gente não vive, a gente sobrevive”.
Para elas, que se revezam no atendimento de mais de 1000 alunos, com todos os retrocessos apresentados nos últimos anos, as esperanças que coisas ocorram estão diminuindo. “A gente tem lutado para sobreviver. A gente não adquire nada, paga muitos juros no banco antecipando salário todos os meses para pagar o mínimo, como a luz e o transporte. Já pensei várias vezes em trocar de profissão”, desabafa Aline.
Silvia Silveira, que tem 18 anos de rede pública estadual e é diretora da Escola Santa Isabel, afirma que com os ataques brutais dos últimos anos, não só na questão da carreira, há dificuldades em relação à alimentação e diversos problemas nas escolas. “Há dificuldade em conseguir montar um trabalho pedagógico, dificuldade em conseguir que a comunidade nos aceite, para que saibam que somos profissionais de qualidade e estamos na luta por uma educação e um estado cada vez mais forte e unido”.
A Escola Isabel de Espanha foi o local onde professores, funcionários de escola e alunos reuniram-se para a realização da Plenária Regional. Participaram do encontro representantes do Núcleo de Gravataí, os representantes da Direção Central, Cândida Rossetto e Daniel Damiani, além de advogados que compõem a assessoria jurídica do CPERS.
Durante a plenária, a secretária-geral do CPERS, Cândida Rossetto, ressaltou que, em razão dos diversos ataques aos direitos da categoria, é fundamental que os(as) educadores(as) estejam mobilizados, através de um forte movimento de resistência. “A Reforma da Previdência e o arrocho salarial são demandas urgentes. Nossa categoria está em situação de miserabilidade e de adoecimento. Precisamos nos mobilizar e nos apropriamos destas discussões. Não temos condições de trabalho e o mínimo de estrutura para manter a saúde. Temos que transformar a nossa indignação em movimento”, alertou.
Dentre as pautas abordadas durante o evento foram apresentados dados do DIEESE sobre a questão salarial e representantes da assessoria jurídica do Sindicato apresentaram os principais pontos e perdas dos servidores com a proposta de Reforma da Previdência. Servidores(as) estaduais já somam-se 39 meses de salários parcelados e atrasados, três anos de 13º parcelado e mais de quatro anos sem reajuste ou reposição da inflação, além do congelamento das progressões de carreira.
Um momento marcante do encontro foi o relato do estudante João Vitor, presidente do Grêmio Estudantil da escola Isabel de Espanha, que fez um apelo aos professores para que continuem na luta e não desistam da educação. Ele ressaltou a importância de discutir a Reforma da Previdência com a base. “É preciso discutir esse assunto já que bate com a nossa realidade. Nós também queremos nos aposentar um dia. Não desistam, nós precisamos desse apoio. Resistam pela educação”.
O diretor do Departamento da Juventude do CPERS, Daniel Damiani, ressaltou o quanto o projeto da reforma da previdência apresentado pelo governo Bolsonaro é mais nefasto e agressivo do que a proposta do Temer. “Precisamos estender esse debate para a comunidade, pois todos vão ser atingidos, independente de estar na ativa ou aposentados, seremos todos atingidos”.