Educadores, pais e estudantes protestam contra a falta de professores


Desde o início do ano letivo, Luna Mezzomo da Silva, 11 anos, aluna do 6º ano na escola Olavo Bilac, em Porto Alegre, está sem a disciplina de História. Sua mãe, a artesã Leila Mezzomo da Silva, aluna do curso normal, na mesma instituição, não teve até agora nenhuma aula da disciplina de Sociologia. Mãe e filha enfrentam a triste realidade de muitas escolas do Rio Grande do Sul, que são submetidas pelo descaso do governo à falta de professores e funcionários de escola. Foi contra este desrespeito que educadores, pais e estudantes protestaram na manhã desta sexta-feira (04), em frente à Secretaria Estadual de Educação – Seduc.
A manifestação iniciou às 8h30, denunciando à população a precária situação da educação pública gaúcha. Desde o início do ano, faltam mais de 400 professores em sala de aula, além de funcionários de escola que atuam em setores como biblioteca, laboratório de informática e secretaria.
Ao tentarem uma reunião com o secretário de educação, Ronald Krummenauer, os educadores foram barrados no portão de entrada da Seduc. O diálogo que deveria ser o caminho normal entre a comunidade escolar e a Seduc precisou ser negociado. Em resposta aos portões fechados da secretaria, professores, funcionários de escola, pais e alunos bloquearam o trânsito da Avenida Borges de Medeiros. Só após esta ação, a Seduc autorizou a entrada de uma pequena comissão.
Eles foram recebidos pela secretária adjunta de Educação, Iara Wortmann, que estava acompanhada de representantes da Procuradoria Geral do Estado – PGE, do setor jurídico e administrativo da Secretaria.
Durante a reunião, a presidente do CPERS, Helenir Aguiar Schürer, entregou à Iara um dossiê elaborado pelo CPERS com base nas informações repassadas pelos 42 Núcleos do Sindicato sobre a realidade da falta de educadores nas escolas de suas regiões.
“Nossos estudantes estão sendo prejudicados pela falta de professores e funcionários de escola. Exigimos que esta situação seja resolvida o mais rápido possível para que não haja uma lacuna no aprendizado dos nossos alunos. É inadmissível que após seis meses do início do ano letivo, isso ainda esteja ocorrendo. Como será a recuperação? De que forma o professor que entrar agora em uma sala de aula vai recuperar o conteúdo? Essa é a preocupação de toda a comunidade escolar. Não punam as nossas crianças deixando-as sem professores”, destacou Helenir.
Iara afirmou apenas que serão analisados caso a caso e que o assunto já está sendo tratado dentro da Seduc.

Estudantes expõem dificuldades com a falta de educadores e apoiam ato da categoria
“Nosso professor do laboratório de informática foi destinado para a biblioteca. Agora, estamos sem acesso ao laboratório. Além disso, estávamos desde a semana passada sem professores de História e Português. Será preciso recuperar todo o conteúdo. Isso é muito complicado. Estamos aqui, participando do ato, para apoiar nosso professores e denunciar a realidade das escolas”, observou Guilherme Callegari, 15 anos, aluno da escola São José, de Soledade.
Um grupo de estudantes da escola Patrício, do município de Tapes, também participou da manifestação, preocupados com sua futura profissão. “Nós começamos o ano com falta de professor de Inglês, que só repuseram há pouco. Somos futuros professores e estamos muito preocupados com a desvalorização do governo com a educação pública e os educadores. É assustador, é tudo muito incerto. Não podíamos ficar de braços cruzados, por isso estamos aqui hoje”, afirmou o estudante Weslley Velledo, 15 anos, aluno do 3º ano.
“Este é o grito de socorro dos nossos estudantes, que muito nos orgulham por estarem ao nosso lado. É por eles e por toda a nossa categoria, que continuaremos lutando e exigindo que o governo cumpra com o seu dever como gestor do Estado, nomeando os professores e funcionários de escola aprovados no último concurso”, afirmou Helenir.

 

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