Na surdina e de maneira covarde, logo após anunciar à imprensa a nova versão da Base Nacional Comum Curricular – BNCC, o governo ilegítimo de Temer alterou o texto, retirando todas as menções às expressões “identidade de gênero” e “orientação sexual”. O CPERS considera um retrocesso a retirada do trabalho pedagógico com questões de gênero e de orientação sexual. Defendemos a educação pública, laica, voltada para valores democráticos e para o respeito à diversidade, à pluralidade e ao debate.
Retirar o debate da orientação sexual e da identidade de gênero mascara a situação real que existe atualmente nas escolas. Uma das causas do abandono é a homofobia. Quando se retira isso da BNCC, afasta-se do mundo real, o que é muito grave.
A base curricular foi concebida para garantir direitos educacionais para crianças e jovens do Brasil, mas o que se vê é um documento que foi contaminado por entidades empresariais. A comunidade escolar ficou à mercê.
Se fragmentou a concepção de educação básica, pois tirou o ensino médio do documento. Na parte de História, por exemplo, voltou a ideia de uma história absolutamente cronológica. Uma visão sociológica e crítica do fato histórico não faz parte do documento.
As políticas públicas educacionais precisam de ampla adesão da comunidade educacional na construção de consensos possíveis. Por isso, a BNCC deve ser discutida abertamente pela sociedade e não apenas por um ou outro setor.