Uma comitiva formada por cerca de 30 alunos, pais e professores do Instituto Estadual de Educação Professor Liberato Salzano Vieira da Cunha, de Santana do Livramento, esteve na Capital na manhã desta quinta-feira (14) para cobrar da Seduc um posicionamento sobre a não homologação de uma turma de ensino normal da instituição.
Os representantes da comunidade escolar foram recebidos pelo diretor geral da Seduc, Paulo Magalhães. Também estavam presentes representantes da direção central do CPERS e do 23° Núcleo, de Santana do Livramento.
A diretora do Instituto, Dirce Rubim Castro, entregou uma pasta com documentos solicitando a homologação da turma ao diretor e reforçou a importância do curso para a comunidade. “A não homologação da turma prejudica o sonho destes alunos de terminarem o ensino médio já podendo exercer uma profissão que gostam”, relatou Dirce.
Segundo a diretora, a turma não foi homologada porque o edital prevê um mínimo de 20 alunos para o fechamento da turma e somente 15 realizaram a inscrição no período. Porém, por ser uma cidade do interior, que ainda encontra dificuldades de acesso à internet, outros alunos também interessados procuraram a escola para ingressar na turma. Para Dirce o problema é que em outros anos a Seduc entendia essa dificuldade do município e sempre flexibilizou o prazo das inscrições, “agora não houve esse entendimento, por ser uma cidade do interior, as pessoas não têm o hábito da inscrição pela internet”.
“Nós vamos perder sonhos”
Maria Eduarda Schepa da Rosa, uma das alunas que não teve a inscrição homologada e se inscreveu no prazo previsto, diz que cursar o ensino normal é uma oportunidade de futuro e experiência. “Nós vamos perder sonhos, eu queria fazer esse curso muito mais do que pela experiência, mas por amor à profissão”, diz Maria Eduarda. Fernanda Carvalho Schepa, mãe de Maria Eduarda, diz que participou da comitiva por querer saber por que a secretaria está negando à filha dela o direito de exercer o seu sonho.
Durante o encontro, o diretor da Seduc mostrou preocupação com a questão financeira para viabilizar a turma, mas a diretora do instituto afirmou que “nós temos os alunos, os recursos, temos a estrutura, nós só precisamos da liberação para começar as aulas”.
Para a diretora do CPERS, Rosane Teresinha Zan, é de extrema importância a cobrança da comunidade escolar para a conservação do ensino público: “o que está em jogo é o desmantelamento e o término do ensino normal dentro das escolas públicas, escolas estas que formam o mercado de trabalho. Estamos aqui para lembrar que resistimos e lutamos pela manutenção da escola pública”.
Paulo garantiu que levará a questão ao Secretário Faisal Karam, mas pediu que haja mais divulgação por parte das escolas para evitar este problema. Quando questionado pela diretora do instituto qual o professor que tem carga horária para bater de porta em porta para divulgação, ouviu como resposta que “a questão não é esta, precisamos focar nos alunos”.
Na ocasião, a diretora do 23° núcleo, Adriana Santos, entregou documentos de mais duas escolas do município que também tiveram turmas não homologadas. Para ela, na realidade da fronteira, perder um curso de formação como esse é muito preocupante. Ao fim do encontro o diretor geral da Seduc conversou com os alunos que aguardavam ao lado de fora da sala e garantiu que dará encaminhamento à pauta o mais breve possível, mas não deu previsão de retorno.