Com telhado e rede elétrica danificados, escola de Arroio do Padre está fechada e com aulas remotas


Em setembro do ano passado, quando um ciclone extratropical atingiu o Rio Grande do Sul e vitimou 51 pessoas, a EEEM Arroio do Padre, localizada no município de mesmo nome, teve seu telhado arrancado pela força dos ventos e das chuvas. Desde então, apesar da pressão da diretora da escola pela reforma da estrutura, a Secretaria de Educação (Seduc) não resolveu o transtorno e a instituição precisou fechar as portas. 

Esse é mais um dos cenários apurados pelo “Radar do CPERS sobre a situação das escolas estaduais”, que coletou dados a respeito de 306 instituições de ensino de 145 municípios. A pesquisa vigorou de 21 de fevereiro a 22 de março de 2024 e contabilizou 442 respostas. 

Salas e corredores encharcados

O prédio da Arroio do Padre foi tomado pela infiltração, tornando arriscado ligar a rede elétrica e, portanto, receber os estudantes em sala de aula. “Desde o início a diretora acionou a Seduc, pediu recurso e pressionou pelo conserto, mas o problema foi se estendendo, até que a comunidade escolar decidiu pelas aulas remotas”, explica a professora de Geografia, Magda Alves. 

As educadoras(es) encerraram o ano letivo de 2023 como puderam, na esperança de que durante as férias escolares o estado tomasse alguma providência. No entanto, só em março deste ano que a Seduc contratou uma empresa para concretizar a revitalização, mas ainda não há uma previsão para o início das obras nem para a retomada do ensino presencial.

Segundo Magda, a equipe docente, os familiares e os alunos(as) estão descontentes com as aulas virtuais. “Tudo isso está acontecendo porque houve um total descaso do governo. Os alunos do primeiro ano estavam na expectativa de iniciar o Ensino Médio e os do terceiro, na expectativa da ‘finaleira’. Mas sempre essa função das verbas e de dinheiro. Para educação nunca tem dinheiro”, desabafa a educadora.

A EEEM Arroio do Padre é uma escola que fica na área urbana da cidade, mas boa parte dos cerca de 200 jovens matriculados moram na zona rural. Por essa razão, os estudantes enfrentam dificuldades para acompanharem as disciplinas por conta do sinal da internet. Além disso, a instituição possui alunos(as) com deficiência que, sem o contato diário com as educadoras(es), tem seu processo de ensino-aprendizagem drasticamente prejudicado.

“O que estamos entendendo é que o direito aos estudos está sendo negado pelo estado. Como que meus filhos vão se preparar para fazer o vestibular e para entrar na faculdade?”, questiona Amarildo Menezes, pai de um estudante do 2º ano do Ensino Médio e de uma aluna do 3º ano. Os adolescentes que estão encerrando sua trajetória escolar na Arroio do Padre, como os filhos de Amarildo, costumam realizar o Enem e o vestibular da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) para ingressar no Ensino Superior. 

Sem capacidade de resolução, 5ª CRE menospreza educandas(os), professoras(es) e funcionárias(os)

O Setor Pedagógico da 5ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) encaminhará um parecer, na próxima segunda-feira (8), recomendando a retomada das atividades na escola. Entretanto, a equipe diretiva não admite receber os estudantes e as trabalhadoras(es) da educação em um ambiente insalubre e precário antes de se reunir com a CRE. O encontro já está agendado para o dia 11 de abril. 

“O que a gente observa até agora é que o estado tá fazendo de tudo para lavar as mãos, enquanto culpabiliza os professores, retirando sua responsabilidade de não ter dado um espaço adequado para que nós trabalhássemos e para que os alunos estivessem na escola”, ressalta Magda. 

Diferente do que Eduardo Leite (PSDB) vende às gaúchas(os), o ensino público do Rio Grande do Sul, sobretudo em municípios menores e do campo, está completamente abandonado. Em Arroio do Padre, a prefeitura da cidade vai ceder, a partir do dia 15 de abril, o Centro de Eventos Dorothea Coswig para que a comunidade escolar se encontre, ao menos, uma vez na semana. 

O CPERS rejeita profundamente a postura da Secretaria de Educação, que tem negligenciado há meses o direito de centenas de jovens de estudar com dignidade. É urgente a reforma na EEEM Arroio do Padre e precisa ser imediata a garantia da educação na instituição. Os estudantes não podem mais esperar! 

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