#CaravanaDaVerdade escancara a precariedade das escolas sob o governo de Eduardo Leite


Abandono. Esse é o legado que Eduardo Leite (PSDB) deixa para as escolas gaúchas. 

A #CaravanaDaVerdade desta quarta (23) passou por cidades que abrangem os núcleos de Santa Maria (2º), São Leopoldo (14º) e Cruz Alta (11º) e constatou o óbvio: o descaso do governo com a educação pública e os educadores(as).

Na passagem pelo município de Capela de Santana, o CPERS visitou o IEE Manoel de Almeida Ramos e encontrou alunos(as) estudando em porão alugado de um salão paroquial da cidade. Tudo isso porque a obra do novo prédio da escola nunca saiu do papel. Já são seis anos nessa situação. 

Mas o drama de não ter um espaço adequado vem desde 2013. Por isso, a escola precisou peregrinar durante anos por estruturas diferentes para receber seus estudantes. “Preferem pagar aluguel em espaços precários do que construir uma escola. Constrói-se presídios, mas não escolas”, desabafa o diretor da instituição Laércio Lancellotti.

Outra instituição que enfrenta problemas estruturais graves é o IEE Pedro Schneider, Pedrinho, de São Leopoldo.

A situação se arrasta desde 2015, mas, em fevereiro, o prédio da escola, que tem quase 70 anos de história, foi interditado pelos bombeiros.

Os estudantes do Ensino Fundamental foram transferidos para a EEEM Dr. Caldre Fião. Já os do Ensino Médio sequer tiveram aulas presenciais e seguem no remoto.


A promessa é de que já teriam um local para as atividades, mas até agora nada; os alunos(as) aguardam a transferência ao prédio da Unisinos até abril para abrigar cerca de 20 turmas do Ensino Médio em salas alugadas.


Fios expostos no pátio deixam claro a gravidade do problema: a fiação elétrica precisa ser toda trocada.

No ano passado, a fiação antiga chegou a provocar um pequeno incêndio numa sala de aula. Uma tomada teria entrado em curto-circuito. Desde então, as preocupações aumentaram e a comunidade escolar sentia a necessidade dos reparos na parte elétrica e estrutural.


Segundo a vice-diretora da escola, Carola Freire Saraiva, a obra está orçada em mais de R$ 1,5 milhão e, conforme a Seduc, deve iniciar em 15 dias, com previsão de término de cinco a seis meses.

Carola ressalta os principais impactos do problema, como a locomoção para o espaço alugado que impacta no bolso dos alunos(as).

“A questão do transporte impacta muito. As famílias iniciaram um movimento, mas a Seduc disse que não pode disponibilizar porque a legislação prevê apenas para o espaço rural”, informa.

Em Cruz Alta, a EEEB Margarida Pardelhas está desde 2013 fora da sua sede. O antigo local da escola foi interditado e as obras para o prédio novo começaram em 2018, mas, em 2020, pararam por falta de repasses da Seduc para a empresa contratada.

Para atender os 805 estudantes, a instituição alugou um prédio de um antigo hospital da cidade. “Foram abertos dois quartos para fazer uma sala de aula”, conta a funcionária de RH, Andreia Barcelos.

Andreia explica que o prédio alugado não tem pátio. Por isso, o recreio das crianças é dentro da escola, já que a quadra de esportes não é adequada.

Segundo a Seduc, para continuar com as obras, foi aberta licitação para a escolha de nova empresa. Até o momento, a escola não recebeu mais nenhum retorno sobre o assunto.

Carência de funcionários e desmotivação

Em Novo Hamburgo, o CE Senador Alberto Pasqualini sofre com a falta de funcionários(as) para a limpeza e merenda, além de estarem com algumas salas sem estrutura.

A instituição conta com quatro funcionários para a limpeza, mas precisaria de pelo menos seis. Há apenas duas  cozinheiras para atender toda a demanda; quem termina a refeição do turno da noite é a equipe diretiva.

“As meninas da cozinha chegam cedo e ficam até à tarde. Deixam pré-pronto os alimentos para os alunos da noite e nós terminamos”, explica a diretora Eleisa Mathias.

Para a funcionária concursada, Priscila Maia da Rosa, da EEEF Dr. Catharino de Azambuja, de Cruz Alta, a desvalorização salarial e da carreira é um desestímulo para a grande maioria dos educadores(as).

“Nós trabalhamos no operacional das escolas e não somos enxergados. O Magistério recebeu um ilusório reajuste de 32%, ruim, porém para os servidores, muito pior, zero. Tenho três anos de Estado e nenhuma expectativa de melhora”.

É preciso esperançar

A presidente do CPERS reafirma a importância da categoria de estar em peso na Assembleia Geral, às 13h30, em frente ao CE Júlio de Castilhos, o Julinho, em Porto Alegre, no dia 1° de abril, para lutar pelo reconhecimento e valorização de todos os educadores(as).

“Nós temos cerca de 12 mil funcionários que recebem um básico de R$ 620 e precisam de um completivo para chegar ao mínimo regional. A importância de um funcionário dentro de uma escola não se estima, muitas vezes eles conhecem mais os alunos do que os professores”, asseverou Helenir.

“Percebemos um grande grau de precariedade nas instalações das escolas, demonstrando que o governo não cumpriu a sua parte em investir em infraestrutura. Também vemos muitos funcionários desmotivados e desesperados pelo alto grau de empobrecimento e acúmulo de trabalho, onde um funcionários trabalha por dois ou três porque não há mão de obra e o governo não investe nas pessoas”, afirmou o 2º vice-presidente, Edson Garcia.


“Os educadores contratados não têm Plano de Carreira; não há ascensão, o que é muito desestimulante. A Caravana é muito importante para denunciarmos a precariedade das condições de trabalho da categoria”, destacou a diretora Glaci Weber.

Para a diretora Rosane Zan, a Caravana cumpre seu propósito de denunciar para a sociedade as reais condições dos educadores(as) e das escolas, mas também traz um sentimento de esperança em lutar por um futuro digno para todos(as).

“Desde que iniciamos a Caravana, sinto um ar de esperança, de esperançar no sentido de continuar a luta pela educação pública e pela identidade e dignidade do educador”, finalizou.

Acompanharam a Direção Central, os diretores(as) Dgenne Cristina Ribeiro da Silva (2º Núcleo), Vera Maria Fischer (11º Núcleo) e Luiz Henrique Becker (14º Núcleo) e seus representantes.

Escolas visitadas nesta quarta (23):

Escolas visitadas em Santa Maria:

EEEB Tiradentes, Nova Palma
CE Dom Antônio Reis, Faxinal do Soturno
EEEB Tito Ferrari, São Pedro do Sul
IEE Olavo Bilac, Santa Maria
CE Cilon Rosa, Santa Maria
CE Edna May Cardoso, Santa Maria
CE Manoel Ribas, Santa Maria
EEEM Professora Maria Rocha, Santa Maria

Escolas visitadas em Cruz Alta: 

EEEB Margarida Pardelhas, Cruz Alta
EEEF Dr. Catharino de Azambuja, Cruz Alta
EEEB Venâncio Aires, Cruz Alta
EEEF Dr. Gabriel Álvaro de Miranda, Cruz Alta
EEEB Dr. Hildebrando Westphalen, Cruz Alta
EEEF Arthur Brum, Cruz Alta
EEEF Dr. Cândido Machado, Cruz Alta
Neeja Érico Veríssimo, Cruz Alta
IEE Mãe de Deus, Tupanciretã
EEEM Joaquim Nabuco, Tupanciretã
EEEF Edison Quintana, Ibirubá
IEE Edmundo Roewer, Ibirubá

Escolas Visitadas em São Leopoldo: 

IEE Manoel de Almeida Ramos, Capela de Santana
IEE Paulo Freire, São Sebastião do Caí
EEEM Felipe Camarão, São Sebastião do Caí
EEEM Monsenhor José Becker, Bom Princípio
EEEF Maria Saturnina Ruschel, Feliz
EEEF 10 de Setembro, Dois Irmãos
EEEM Affonso Wolf, Dois Irmãos
EEEM João Wagner, Morro Reuter
CE Cônego Afonso Scherer, Santa Maria do Herval
IEE Professor Pedro Schneider, São Leopoldo
CE Senador Alberto Pasqualini, Novo Hamburgo
EEEF Ildefonso Pinto, Campo Bom
EEEM Fernando Ferrari, Campo Bom 

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