Após greve geral e milhares nas ruas, centrais querem manter unidade para derrotar Temer


Grande ato unificado da Greve Geral reuniu mais de 20 mil pessoas no centro de Porto Alegre. (Foto: Guilherme Santos/Sul21)

Marco Weissheimer/Sul21

O ato que reuniu representantes das categorias profissionais e setores da sociedade que participaram da greve geral desta sexta-feira (28) contou com mais de 20 mil pessoas no centro de Porto Alegre. Dirigentes da Central Única dos Trabalhadores (CUT) estimaram que esse número pode ter sido ainda maior, beirando as 30 mil pessoas. Após a mobilização iniciada pela madrugada nas garagens de ônibus da Capital, trabalhadores dos setores público e privado, estudantes e profissionais liberais foram se concentrando na Esquina Democrática e no Largo Glênio Peres, que logo se tornaram praticamente um só espaço, reunindo várias manifestações ao mesmo tempo. Entre organizadores e participantes foi se formando um consenso: aquele era o maior ato público realizado em Porto Alegre desde que iniciaram as manifestações contra o golpe e, em seguida, contra as reformas propostas pelo governo Temer e seus aliados.
Servidores da área da segurança, municipários de Porto Alegre, trabalhadores do setor de transporte, servidores do Judiciário, professores das mais diferentes áreas, movimentos sociais e estudantis: foi difícil identificar a quantidade e diversidade de categorias e setores concentrados no espaço que se estendia do Largo até a Esquina Democrática. No ato, realizado ao lado do Mercado Público, dirigentes das centrais sindicais enfatizaram mais uma vez a importância da unidade construída entre as entidades para o êxito da greve geral e da continuidade da mobilização. Todos concordaram também que a luta contra as reformas de Temer será longa e exigirá a manutenção dessa unidade. Após a greve geral desta sexta, os próximos passos apontam fundamentalmente em uma direção: tentar barrar a votação da reforma Trabalhista no Senado e derrotar a reforma da Previdência na Câmara dos Deputados.
Após o ato no Largo Glênio Peres, milhares de manifestantes seguiram em caminhada pela avenida Júlio de Castilhos em direção ao túnel da Conceição e, depois, ao Largo Zumbi dos Palmares. Quando a ponta da marcha entrou na rua que dá acesso ao túnel, o final da mesma ainda estava perto do Mercado Público. A caminhada foi acompanhada por agentes motorizados da EPTC, duas viaturas da Brigada Militar e o já tradicional helicóptero da instituição que acompanhou as manifestações em vários momentos do dia.
Na avaliação de Claudir Nespolo, presidente da Central Única dos Trabalhadores no Rio Grande do Sul (CUT-RS), a greve geral deste dia 28 de abril entrará para a história como uma grande mobilização da classe trabalhadora. “Em todo o Rio Grande do Sul, as principais cidades pararam. Porto Alegre nunca tinha visto uma paralisação deste tamanho. Essa greve vitoriosa nos coloca na mesa dos debates. Eles vão ter que começar a nos escutar”, destacou. O dirigente da CUT informou que todas as centrais sindicais farão nos próximos dias uma avaliação sobre o movimento e sobre os próximos passos. “Se não houver nenhum debate com os trabalhadores, voltaremos às ruas com uma greve maior ainda, por mais dias”, disse Claudir Nespolo.
Para Isaac Ortiz, presidente do Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores de Polícia do Rio Grande do Sul (Ugeirm Sindicato), o balanço da greve geral é extremamente positivo. “Ela mostrou o descontentamento do povo brasileiro com esse governo ilegítimo e corrupto que não tem o direito de prejudicar a vida dos trabalhadores do campo e da cidade. A greve uniu o povo de norte a sul do país e, daqui para frente, essa união tem que continuar para derrubar esses dois monstros que estão no Congresso, que são a Reforma da Previdência e a Reforma Trabalhista”, afirmou Ortiz. Essas propostas, ressaltou, “nem merecem ser chamadas de reformas, pois representam o fim da aposentadoria e do trabalho no Brasil”.
O presidente da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, Edegar Pretto (PT), disse que a greve geral desta sexta-feira foi uma grande demonstração de unidade das centrais sindicais, dos movimentos sociais e populares, com um resultado extraordinário. “Foi um grande grito de alerta. Finalmente, os trabalhadores, independente de sua preferência partidária, se deram conta que o governo golpista e ilegítimo de Michel Temer está tentando pagar o golpe para quem o patrocinou, a saber, a grande indústria, a finança, o capital internacional que financiou parlamentares para derrubar a Dilma. O pagamento dessa fatura está se dando agora às custas dos direitos do povo trabalhador”.
Para Edegar Pretto, as reformas de Temer, além de serem injustas e ilegais, são medidas covardes. “O covarde faz justamente isso: ataca o mais fraco, pisa no pescoço dos pequenos, que é o que Temer está fazendo. As centrais sindicais e os movimentos sindicais se deram conta disso e construíram uma grande unidade que parou o país no dia de hoje. Acho que, daqui para frente, essa mobilização só aumenta. Os trabalhadores estão acordando e se dando conta que é preciso sair para a rua e parar o país, se for preciso, para defender o próprio país. O Temer e a sua turma gostariam que voltássemos ao tempo da escravidão”.
A próxima mobilização já tem data marcada. Na segunda-feira, 1° de maio, centrais sindicais, sindicatos e movimentos sociais realizarão um ato, a partir das 10h, no Monumento ao Expedicionário, na Redenção.

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