Abandono: curso técnico de prótese dentária se deteriora a olhos vistos, em Porto Alegre


Equipamentos da década de 1970 deteriorados e defasados, salas de aula com paredes rachadas, esse é o cenário do completo abandono do único curso técnico de prótese dentária oferecido em escola pública no Rio Grande do Sul.

A ETE Senador Ernesto Dornelles, em Porto Alegre, oferece a oportunidade de formação técnica gratuita para muitos jovens, mas a especialização sofre há anos com o abandono. Ciente da situação, o governo do Estado negligencia o problema.

O curso, que iniciou em 1963, ainda conta em seus laboratórios com itens adquiridos no final de 1970 e início dos anos 1980. Outros foram obtidos uma década depois ou precariamente mantidos devido ao alto custo e inexistência de peças de reposição. Com o passar dos anos, modelos e peças deixaram de ser fabricados, fazendo com que a maioria ficasse inoperante.

São quatro laboratórios para as aulas práticas. Um deles, o de fundição de metal, está sem condições de uso há alguns anos devido ao altíssimo custo de conserto da centrífuga e do forno. Assim, trabalhos executados pelos alunos precisam ser fundidos em laboratórios privados. “Os equipamentos estão totalmente defasados, os estudantes realizam somente o básico no que se refere a prática. A aprendizagem fica limitada e nossos alunos buscam aprimoramento fora da escola”, explica a diretora da instituição, Isabel Cristina Teixeira Lopes.

É com esta estrutura precária que os atuais 200 alunos(as) estudam. Os equipamentos que restam nos laboratórios, geralmente um item por sala ou um para todo o curso, depõem contra o bom andamento das aulas práticas, além de impedir que os estudantes realizem o aprendizado em equipamentos com tecnologia atualizada. Devido à situação, seguidamente os professores(as) precisam se dividir e atender em mais de uma sala concomitantemente para revezar o uso dos equipamentos.

Mesmo com materiais defasados ou sucateados, a cada semestre ingressam 60 novos estudantes, através de sorteio público, realizado duas vezes por ano.

Com a verba que a escola recebe da autonomia financeira não é possível realizar a troca e a aquisição dos equipamentos necessários, visto que o investimento é alto, em torno de R$ 100.000,00.

Durante a #CaravanaDaVerdade, a presidente do CPERS, Helenir Aguiar Schürer, esteve na Ernesto Dornelles e conferiu de perto o descaso.

“Uma situação inaceitável. É imprescindível que a escola tenha equipamentos atualizados para que os alunos possam desenvolver um bom trabalho técnico, pois é isso que vão encontrar no mundo do trabalho, e para que os professores, possam ensinar de forma mais qualificada”, afirmou.

Além da questão dos equipamentos, as salas dos laboratórios estão com infiltração, evidentes nas rachaduras expostas. “São salas com pouca ventilação por estarem localizadas no subsolo da escola que tem um prédio com mais de 100 anos de construção”, explica a diretora.

Segundo Isabel, todos os problemas já foram enviados para a Coordenadoria Regional de Educação (CRE) e Superintendência da Educação Profissional do Estado (Suepro). “Até hoje não deram nenhum retorno sobre investimento ou melhorias. Nenhum governo até gora mostrou interesse em resolver a situação”.

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