A força da escola pública ocupa o centro de Porto Alegre na Etapa Estadual da 6ª Mostra Pedagógica do CPERS


A Praça da Alfândega, coração pulsante de Porto Alegre, amanheceu tomada pela energia viva da educação pública, nesta sexta-feira (28). Sob as árvores históricas e entre as memórias de resistência que o espaço guarda, educadoras(es), estudantes e comunidades escolares de todas as regiões do Rio Grande do Sul se reuniram para a Etapa Estadual da 6ª Mostra Pedagógica do CPERS, um ato coletivo de afirmação da potência da escola pública, mesmo diante de um cenário adverso marcado pelo projeto nefasto do governo Eduardo Leite (PSD), que enfraquece, precariza e desvaloriza quem faz a educação acontecer.

Os mais de 150 projetos apresentados foram selecionados ao longo de quatro meses, de agosto a novembro, nos núcleos do Sindicato e trouxeram para o centro da capital o que há de mais vibrante, criativo e transformador sendo produzido nas escolas estaduais. Em cada estande, em cada fala, em cada gesto de estudantes e educadoras(es), ecoava a força de uma rede que resiste e insiste em produzir conhecimento, cultura e futuro.

Uma abertura marcada por reconhecimento, afeto e luta

Na abertura do evento, a presidente do CPERS, Rosane Zan, uma das idealizadoras do projeto, reforçou a essência que move a Mostra Pedagógica: a valorização de quem constrói, diariamente, práticas pedagógicas potentes, muitas vezes invisibilizadas pelas políticas de desmonte.

Em sua fala, ela destacou que o tema desta edição “A valorização começa com o reconhecimento”, materializa a urgência de olhar para o chão da escola com o respeito que ele merece. Lembrou ainda que realizar a Mostra no espaço que acolheu a Feira do Livro simboliza a defesa incansável do ensino público laico, gratuito e socialmente referenciado. Para Rosane, “cada estudante e educador presente já é um vencedor por reafirmar, com seu trabalho, a importância desse patrimônio coletivo”.

O 2º vice-presidente do CPERS e coordenador da Comissão de Educação, Edson Garcia, também ressaltou o caráter vitorioso da Mostra, que cresce em qualidade e diversidade a cada ano. Ele lembrou que os projetos apresentados são apenas uma pequena amostra do que brota diariamente dentro das escolas públicas, fruto do compromisso e da dedicação de professoras(es), funcionárias(os) e estudantes.

Edson chamou atenção para o simbolismo do dia: “Este é um dia especial, de celebração. Aqui está tudo aquilo que muitas vezes o governo não vê, o trabalho feito com amor, com entrega e com profundo compromisso social. Viva a escola pública e o que ela produz de melhor: transformação social”.

As(os) integrantes da Comissão de Educação, Andréa Nunes da Rosa, Sandra Silveira e Elbe Belardinelli, também reforçaram, em suas falas, o papel da Mostra como espaço de valorização e resistência em um momento de ataques e constantes tentativas de desmonte da educação pública.

A pluralidade dos projetos: saberes que transformam realidades

Ao longo do dia, a Comissão Avaliadora acompanhou a apresentação dos mais de 150 projetos, distribuídos em cinco categorias: Ensino Fundamental – Anos Iniciais; Ensino Fundamental – Anos Finais; Ensino Médio; Ensino Profissional/Técnico; e Educação de Jovens e Adultos (EJA).

Os trabalhos foram avaliados conforme critérios como organização, criatividade, domínio de conteúdo, uso de recursos, participação estudantil, comunicação e compromisso pedagógico.

As temáticas revelam a amplitude do pensar e do fazer pedagógico dentro das escolas públicas: Sustentabilidade e Meio Ambiente; Mudanças Climáticas e Desastres Ambientais; Inclusão e Direitos Humanos; Ciências e Tecnologia; Cultura, Arte e Linguagens; Saúde e Bem-estar; História e Cidadania; Práticas Pedagógicas Inovadoras; Agricultura e Sustentabilidade Rural.

Cada projeto reafirma: apesar dos ataques do governo estadual, a escola pública segue de pé, inventiva, pulsante e criadora de mundos.

Cultura que inspira: apresentações que emocionaram a Praça

Entre uma apresentação de projeto e outra, a Praça da Alfândega se encheu de música, dança, narrativas e afetos.

A primeira apresentação cultural foi da Orquestra Estudantil do Areal, da EEEM Areal, de Pelotas. Criada em 2014, a iniciativa, que resiste apesar da falta de apoio, vem transformando o cenário cultural de Pelotas e de cidades vizinhas. Ex-alunas(os) hoje se tornam multiplicadoras(es), espalhando a música de concerto e inspirando novas gerações.

O CE Cassiano do Nascimento, também de Pelotas, emocionou o público com duas apresentações que integram o projeto “Todas e todos por uma”, que aborda violências, muitas vezes silenciosas, e a força da arte como instrumento de enfrentamento à violência contra mulheres e meninas.

Foram apresentações que tocaram o público e reafirmaram o papel da cultura como elemento essencial da escola pública.

Projetos destacados na Etapa Estadual

Ao final da tarde, foram anunciados os projetos destacados nesta edição da Mostra, reconhecendo a criatividade, a potência pedagógica e o compromisso social das escolas.

 

➤ Ensino Fundamental – Anos Iniciais

1º DESTAQUE

Nome do projeto: Pé Quente

Escola: EEEM Cyrino Luiz de Azevedo (Santana do Livramento)

 

2º DESTAQUE

Nome do projeto: Ciência no Quintal

Escola: EEEM Lucila Nogueira (Boa Vista das Missões)

 

3º DESTAQUE

Nome do projeto: A Inteligência Artificial Amiga da Sustentabilidade

Escola: EE Engenheiro Paulo Chaves (Maratá)

➤ Ensino Fundamental – Anos Finais

1º DESTAQUE

Nome do projeto: Presente Ausente – O Silêncio Do Bullying: uma proposta de instalação artística do 8º ano de tempo integral

Escola: EEEM Alfredo Ferreira Rodrigues (Rio Grande) 

 

2º DESTAQUE

Nome do projeto: Matemática Divertida

Escola: EEEF & M Dom Hermeto (Uruguaiana)

 

3º DESTAQUE

Nome do projeto: Impacto dos Estímulos Sonoros no Sistema Nervoso

➤ Ensino Médio

1º DESTAQUE

Nome do projeto: Crise Climática e Crise de Informação: As Redes Sociais na Disseminação do Negacionismo Científico

Escola: IEE Júlia Billiart (Chapada) 

 

2º DESTAQUE

Nome do projeto: Batalha pela Memória: a toponímia na construção e apagamento na memória coletiva brasileira

Escola: IEE Júlia Billiart (Chapada)

 

3º DESTAQUE

Nome do projeto: A Expansão Imperialista no Século XIX 

Escola: EEEM Farroupilha (Viamão)

➤ Ensino Profissional/Técnico

1º DESTAQUE

Nome do projeto: O Campo é Delas: vozes e luta das mulheres reais

Escola: EE de Educação Profissional de Carazinho (EEPROCAR) 

 

2º DESTAQUE

Nome do projeto: Milpa em Sistema de de Plantio Direto 

Escola: EEEM Getúlio Vargas (Derrubadas)

 

3º DESTAQUE

Nome do projeto: Sinais que Unem: o vídeo que transforma o aprendizado em inclusão

Escola: IEE Érico Veríssimo (Três Passos)

➤ Educação de Jovens e Adultos

1º DESTAQUE

Nome do projeto: Cartoneiro como Emancipação Social

Escola: Escola Prisional – Presídio Estadual de Vacaria

 

2º DESTAQUE

Nome do projeto: Inclusão Através da Atividade Física: o despertar do corpo

Escola: CE Dom João Braga (Pelotas)

 

3º DESTAQUE

Nome do projeto: Bullying e Cyberbullying Dentro e Fora da Escola

Escola: EEEM Presidente Vargas (Caxias do Sul)

A 6ª Mostra Pedagógica do CPERS encerrou mais um capítulo de construção coletiva, reafirmando que a escola pública é, e sempre será, um espaço de encontros, afetos, aprendizagens e resistência. Onde há escola pública, há futuro. Viva a escola pública!

>> Confira a cobertura completa do evento nos links abaixo: 

>> Fotos manhã: 

>> Vídeo manhã: 

>> Fotos tarde: 

>> Vídeo tarde: 

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