Quase dois meses após a contratação, terceirizados contratados pela empresa YC SERVS LTDA., que presta serviço para o Estado, relatam atrasos nos pagamentos do salário e vales.
Em novembro do ano passado, em mais um passo rumo à mercantilização da escola pública, o governo Leite (PSDB) contratou mais de mil funcionários(as) terceirizados através de 11 empresas, aproveitando o contexto da pandemia e os marcos legais da situação de emergência.
A YC é a empresa que ficou com a maior fatia do bolo dos investimentos do Estado, com um contrato no valor de R$ 2,8 milhões, dos R$ 3,5 milhões gastos nas contratações. Mas, até o momento, não repassou o acordado nos contratos.
Trabalhando desde o dia 19 de novembro, mais de 10 terceirizados procuraram o CPERS para relatar que desde então receberam somente R$ 300,00 referentes a uma semana de trabalho e R$ 70,00 do vale-alimentação.
Ana* conta que ela e outros colegas estão apreensivos e que já procuraram todas as instâncias possíveis e seguem sem uma resposta.
“Na escola só falaram que o governo já pagou a YC. A YC alega que o governo não pagou. A gente não sabe mais o que fazer. Nós mandamos mensagens para eles e eles só olham e não respondem. Ate desligam o telefone para não nos atenderem”.
Para Maria*, a situação está ficando desesperadora. “É uma falta de respeito absurda. A gente trabalhou muito, cumpriu horários. Eu tenho filho pequeno e preciso comprar alimentos para ele e não tá sendo fácil, já estou desesperada”.
Segundo os relatos, o pagamento deveria ter sido efetuado até o 5º dia útil do mês atual, mas até o momento, nem salário, nem vales foram recebidos.
Ao se utilizar de um instrumento emergencial para ofertar uma solução paliativa para o problema crônico e persistente da falta de profissionais na rede, o governo Leite (PSDB) dá mais uma prova do seu absoluto desprezo pela educação pública e abre espaço para tornar permanente a política emergencial.
A não realização de concursos públicos é parte de um projeto político de sucateamento da educação pública, enxugamento da folha e favorecimento do setor privado.
A terceirização ignora a importância dos vínculos do trabalhador(a) com a escola e sua comunidade, remunera mal, reduz a qualidade do serviço prestado e deixa trabalhadores(as) em situação de absoluta fragilidade, sem direitos ou segurança no emprego, sem mesmo ter a quem recorrer numa situação de falta de pagamento como a relatada na matéria.
O CPERS segue defendendo a imediata realização de concursos públicos para a devida reposição de todos os quadros da rede. Com as contratações já efetuadas, firma a luta para garantir a segurança e a qualidade de trabalho para aqueles que atuam nas escolas estaduais gaúchas em meio a uma pandemia sem precedentes.
*Para garantir a segurança e evitar represálias, não divulgaremos os sobrenomes nem as escolas das pessoas que nos procuraram.