#NãoàMunicipalização: escola Celestino, de São Gabriel, reforça a luta contra os desmandos do governo Leite


Professores(as), funcionários(as) de escola, estudantes, pais e responsáveis da EEEB Dr. Celestino Lopes Cavalheiro, de São Gabriel, lotaram a Câmara de Vereadores do município, na noite desta quarta-feira (5), para cerrar fileiras contra os ataques do governo Eduardo Leite (PSDB) à escola e à educação pública.

Além da atual ameaça de municipalização, que, como de praxe, ocorre sem consulta à comunidade escolar, a Celestino também luta contra o fechamento e o enxugamento de matrículas nos anos iniciais.

Ao impedir novas adições ao Ensino Fundamental na instituição, a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) deixa evidente a sua intenção de municipalizar a Celestino, já que a modalidade é moeda de troca entre prefeituras e governo do Estado, que tratam a educação pública apenas como números.

O CPERS somou forças à luta da escola e esteve presente no encontro, representado pela presidente, Helenir Aguiar Schürer, a tesoureira, Rosane Zan, a representante do Sindicato no Conselho Estadual de Educação (CEEd), Dulce Delan, e o diretor do 41° Núcleo, Pedro Moacir Moreira.

>> Leia também: Comunidade escolar diz não à municipalização da EEEB Dr. Celestino Lopes Cavalheiro, em São Gabriel

A Celestino, que possui mais de 80 anos de história e atende cerca de 400 alunos(as) nos anos iniciais e na Educação de Jovens e Adultos (EJA), possui o melhor Ideb do município e uma estrutura física invejável. Então, por que municipalizar? Este foi o principal questionamento durante a Audiência, mas que ficou sem resposta, visto que nem prefeitura, nem governo estadual mandaram representantes.

A presidente do CPERS, Helenir Aguiar Schürer, expôs aos vereadores(as) da casa a realidade e os impactos da municipalização nas escolas estaduais.

“No caso da Celestino, uma escola referência na região, que possui uma ótima estrutura e está com seu quadro de professores e funcionários completo, ao municipalizar, ela poderá perder todo o seu corpo docente, prejudicando esses servidores, mas também desmontando assim toda a estrutura de afetividade construída ao longo dos mais de 80 anos de história da escola com a comunidade onde está inserida”. 

Helenir ainda destacou que o CPERS está na luta e ao lado das comunidades escolares contra o sucateamento e o desmonte da educação pública, promovido pelo atual governo. 

“Nós temos evitado muitas municipalizações, porque existe uma exigência no Conselho Estadual de Educação, nas suas normativas, que a comunidade escolar é quem tem que querer a municipalização e, nesta noite, a comunidade da Celestino está dando o seu recado: ‘nós não queremos a municipalização’, e essa vontade deve ser ouvida e respeitada”. 

>> Confira a Audiência Pública completa abaixo: 

Mobilização é essencial

O CPERS vem orientando todas as comunidades escolares ameaçadas de municipalização ou fechamento a se mobilizarem para impedir a continuidade do processo.

Dulce Delan, representante do Sindicato no CEEd, reforçou o recado da presidente Helenir: “Essa mobilização da Celestino é essencial e serve de exemplo, porque quando o processo chegar ao Conselho, os conselheiros terão acesso a esse posicionamento, de que não aceitam a municipalização”. 

Para formalizar a vontade da comunidade, a diretora da Celestino, Giane Dorneles Monteiro, entregou aos vereadores(as) de São Gabriel dois documentos essenciais ao processo. 

“Não existem motivos para municipalizar ou fechar as portas da nossa escola. Nós estamos sempre investindo na infraestrutura, na segurança, no bem-estar da nossa comunidade e dos nossos alunos, por isso, nessa noite, entrego aos senhores vereadores dessa casa, um abaixo-assinado com mais de 600 assinaturas, pedindo não à municipalização e não ao fechamento da nossa escola”.

Além do abaixo-assinado, a diretora também entregou uma moção de apoio, já assinada na ocasião pelos vereadores(as) proponentes da pauta, Malu Bragança (PATRIOTA) e Márllon Mendes Maciel (PP), e outros representantes municipais que participaram do encontro. A moção também será apresentada na sessão plenária da Câmara, nesta quinta-feira (6). 

Fechar a Celestino significa acabar com o sonho de quem depende da EJA para um futuro melhor

Além do Ensino Fundamental, a Celestino Lopes Cavalheiro oferece outra modalidade de ensino essencial para o futuro e o desenvolvimento do Rio Grande do Sul: a Educação de Jovens e Adultos (EJA). 

A EJA é a oportunidade para aqueles, que por motivos diversos, não conseguiram finalizar seus estudos no tempo normal e é sinônimo de inclusão e garantia de acesso à educação, um direito de todos e todas.

A presidente do CPM da escola, Elenara Severo, reforça a importância da luta contra a municipalização, para manter os sonhos dessas pessoas, que têm na EJA a oportunidade de um futuro mais digno.  

“Quero ressaltar que nós não estamos aqui somente pela questão da municipalização, nossa luta é pela educação. Ela vai além de um debate entre estado e município, a municipalização vai prejudicar inúmeras famílias, professores, pais, alunos e fornecedores da escola, mas afetará, principalmente, os alunos da EJA. Estão acabando com o sonho dessas pessoas, que hoje podem voltar para a escola, pessoas que estão lutando para se formar, para dar uma vida melhor para si e para seus filhos”. 

Altair Machado Jr., aluno da escola, declarou que a oportunidade de finalizar os estudos através da EJA na Celestino abriu caminhos que antes estavam fechados: “Sou aluno da EJA, estou na escola desde 2020 e é através da Celestino que eu tive vários sonhos realizados. Por isso eu peço: não fechem o nosso EJA, porque outras pessoas como eu dependem dessa oportunidade. Se fechar a escola, todos nós vamos perder. Não podemos deixar que acabem com nossos sonhos”.

“Eu moro em Santa Margarida, venho todos os dias a noite para estudar no Celestino, mas se a escola trocar de lugar, não terei mais como ir, ou se fechar, vou ter que parar de estudar. Por isso, eu faço um apelo para vocês para que não deixem a nossa escola fechar”, declarou Joana Maria do Canto.

Para Alexandre Moura Rodrigues, funcionário da escola, o governo precisa parar de olhar para a instituição apenas como números e reconhecer a importância da escola pública na sociedade.

“Nós não somos apenas números! Eu estou há 19 anos na escola, dediquei quase 20 anos da minha vida à Celestino e aos alunos e um questionamento que eu faço para eles é: o que é uma escola? Para mim, ela é o espaço de formação do cidadão, ela ensina direitos e deveres, e um desses direitos é o acesso à educação. Especialmente no caso da EJA, a escola está cumprindo esse seu papel social, está formando cidadãos”.

O CPERS seguirá na luta com professores(as), funcionários(as) e toda a comunidade escolar da Celestino para barrar a municipalização e em defesa de uma escola pública de qualidade e acessível para todos(as). Viva a Celestino, viva a educação!

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