O Conselho Geral do CPERS manifesta a sua irrestrita solidariedade ao povo de Manaus e demais municípios do Amazonas, diante do colapso do sistema de Saúde, sobrecarregado pelo aumento dos casos de Covid-19 e falta de insumos básicos como oxigênio.
O Brasil ficou em alerta diante do trágico e gravíssimo drama sanitário enfrentada por milhares de famílias e profissionais de saúde amazonenses.
Hospitais viraram câmaras de asfixia, sem oxigênio, sem vacina, sem governo. Segundo informações do pesquisador Jesem Orellana, da Fiocruz-Amazônia, uma ala inteira de pacientes morreu asfixiada. Trata-se de um verdadeiro genocídio.
A omissão, o negacionismo e negligência do governo Bolsonaro (Sem Partido), o fracasso na coordenação nacional no combate à pandemia e do início imediato de uma campanha de vacinação levou o país a assistir a tragédia da falta de oxigênio em Manaus.
Esta conjunção inadmissível poderia ter sido evitada mediante um plano de ação que articulasse esforços dos governos locais e federal.
Bolsonaro subestima as consequências da pandemia e não assume o papel que lhe cabe no enfrentamento da Covid-19; não adota qualquer política de fortalecimento do SUS e de parâmetros científicos para o controle da propagação do vírus.
Não bastasse toda a tragédia anunciada em Manaus, Pazuello afirmou ser “inadmissível” o não uso de cloroquina no combate ao coronavírus na cidade. O medicamento já foi descartado categoricamente pela comunidade médica e não há comprovação científica no combate à doença.
Foram inúmeros e dramáticos os apelos de profissionais de saúde pedindo voluntários para prover ventilação manual a pacientes de UTI, na tentativa desesperada de salvar vidas. A média de 125 enterros diários se manifesta na tristeza e luto dos familiares.
O caos instalado em Manaus é somente a ponta visível de um iceberg que expõe, novamente, as insuficiências da rede de saúde em todo o estado e pode se propagar em todo o país se não houver a adoção de medidas rígidas no controle da pandemia.
As autoridades sanitárias têm o dever de apresentar um plano de expansão rápida da força de trabalho, de leitos e de insumos que garantam acesso e resolutividade no atendimento e o direito de respirar.
A desorganização, a ausência de prioridades e a falta de monitoramento e de fiscalização no uso de recursos públicos devem ser repudiadas e combatidas em todos os níveis de gestão.
O CPERS lamenta as milhares de mortes e expressa seu pesar aos familiares e seu apoio aos profissionais de saúde que heroicamente atuam na linha de frente, salvando vidas e diminuindo a dor de tantas famílias.
Foto de capa: Michael Dantas/AFP