Desde o dia 1º de setembro, o CPERS tem proporcionado a centenas de funcionários(as) da educação, dos 42 núcleos do Sindicato, o necessário debate sobre o fortalecimento da luta por valorização e respeito. Nesta quinta-feira (24), a iniciativa encerrou contemplando os educadores(as) do 9º e 11º Núcleos (Santo Ângelo e Cruz Alta, respectivamente).
Realizado no Centro Municipal de Cultura de Santo Ângelo, o Encontro iniciou com um momento cultural, através das canções apresentadas pelo professor, compositor e tesoureiro do 9° Núcleo, Mauro Antônio Notarjacomo.
Logo após, a diretora do 9º Núcleo, Maria Celeste Pereira Ramos Paiva, deu as boas-vindas aos participantes, salientando a importância da unidade nas mobilizações. “Nunca conseguimos nada de graça. Precisamos nos unir cada vez mais para conquistarmos o respeito aos nossos direitos”.
O 1º vice-presidente do CPERS, Alex Saratt, destacou a relevância da luta por valorização. “Quando olhamos a tabela salarial dos funcionários da educação fica ainda mais evidente o tamanho da luta que ainda temos para que haja uma verdadeira valorização profissional”.
Saratt também ressaltou a atuação imprescindível dos funcionários(as) na rotina das instituições. “Muitas vezes, é através da nossa conversa com os funcionários que conseguimos abordar pedagogicamente situações de conflito e, até mesmo, dramáticas dentro da escola”, observou.
Ao fazer a análise da conjuntura atual, o 1º vice-presidente do Sindicato ressaltou que com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), há perspectivas de retomar políticas públicas, sociais e trabalhistas que repercutam positivamente em termos salariais, funcionais e previdenciários. “Além disso, é preciso organizar, mobilizar e lutar de maneira unitária para que o governo Leite ofereça políticas que tirem os funcionários da condição de miserabilidade em que se encontram e que permitam condições adequadas de trabalho e saúde”, pontuou.
A secretária-geral do CPERS, Suzana Lauermann, evidenciou as consequências das ações dos últimos quatro anos do governo Bolsonaro, além dos ataques do Executivo Estadual à categoria. “Tentaram nos jogar uns contra os outros. Para evitar isso, temos que estar juntos, organizados e preparados. Sempre tivemos que lutar muito pelos nossos direitos. Conseguimos o pagamento dos dias de greve porque não nos calamos, pressionamos”, lembrou.
Situação de miserabilidade
A diretora do Departamento dos Funcionários(as) da Educação do CPERS, Sônia Solange Viana, destacou a inadmissível situação de miserabilidade em que os funcionários(as) de escola se encontram. “Tem funcionário que teve de deixar de morar em sua casa e ir para a residência de parentes, pois não têm mais como pagar o aluguel. Foi esse governo que nos jogou na miserabilidade, tendo que escolher entre comer ou pagar as contas básicas”.
“Enquanto nós não nos reconhecermos como educadores, como vamos querer que a sociedade e os nossos colegas da escola nos reconheçam? Somos profissionais capacitados e precisamos nos reconhecer como tais, bem como exigir o devido respeito e valorização por parte do governo”, disse a também diretora do Departamento dos Funcionários(as) da Educação do Sindicato, Juçara Borges.
Para repassar informações jurídicas, o Encontro contou com os esclarecimentos repassados pelo advogado Rodrigo Seben, representando a assessoria jurídica do Sindicato, escritório Buchabqui e Pinheiro Machado.
“Vários direitos foram conquistados no decorrer desses 77 anos de história do CPERS, praticamente. Infelizmente, nos últimos anos, foram diminuídos pelas políticas reformistas e de ataque aos trabalhadores”, constatou.
Para falar sobre a situação do IPE Saúde, o Encontro contou com a diretora do Departamento de Saúde do Trabalhador(a) e representante do CPERS no Conselho de Administração do IPE Saúde, Vera Lessês. “Orientamos a categoria a sempre que tiver dúvida conversar conosco e também a denunciarem para nós situações como falta de especialistas, para que possamos fazer a cobrança necessária”.
Avaliação positiva dos Encontros
No último Encontro, que iniciou e encerrou na região das Missões, a diretora Sônia Solange Viana avaliou que a iniciativa foi muito significativa, forte e com excelente participação dos educadores(as), que estavam ansiosos por ter novamente os encontros presenciais.
“Tivemos sempre um público muito atento e interessado. A luta por valorização passa por respaldarmos a categoria sobre os seus direitos. Seguiremos firmes e unidos na busca por respeito e uma vida digna aos nossos valorosos colegas, funcionários da educação. Encerramos com muito orgulho e sucesso”, finalizou, lembrando que o Encontro Estadual dos Funcionários da Educação ocorrerá em outubro de 2023.
Em todos os Encontros, Sonia fez um resgate da história de luta dos funcionários, relatando os avanços obtidos. “A conjuntura, nos últimos oito anos, foi muito difícil. Tivemos um empobrecimento histórico no Estado. Mas temos esperança de que com a eleição de Lula conseguiremos minimizar a retirada de direitos que tivemos. No Estado, precisaremos seguir firmes na luta para que o governo Leite tenha um olhar mais cuidadoso para a importância do trabalho dos funcionários da educação. Também já pedimos a CNTE para que recoloque em pauta novamente o Piso Salarial Nacional para os funcionários”, acrescentou.
“Fechamos com chave de ouro os Encontros, que demonstraram a necessidade de estarmos juntos, discutindo e ouvindo os colegas, e mobilizando para a luta. Sabemos que juntos somos mais fortes. Teremos muitos outros encontros pela frente”, considerou Juçara Borges.
Para Saratt, a jornada de quase três meses de realização dos Encontros foi fechada com grande êxito. “A qualidade e a profundidade dos debates permitiram colocar a conjuntura dentro de uma perspectiva de organização, mobilização e luta, além de reforçar a formação política e sindical dos funcionários. Chamou a atenção para a importância e centralidade desse segmento para o conjunto das ações educativas que acontecem nas escolas e também para a luta sindical. Esperamos que, unidos e fortes, nesse novo período que se abre no Brasil, consigamos avançar tendo a garantia de valorização profissional e salarial, condições de trabalho, de saúde e de reconhecimento profissional”.
O CPERS seguirá firme na luta por reconhecimento, piso salarial e concurso público para qualificar a carreira e a profissão destes profissionais. Lutamos também pelo fim das terceirizações e a precarização do trabalho nas escolas públicas. Basta de descaso e desvalorização.
Funcionários(as) de escola estão na miséria, recebendo salário base de R$ 657,97 e acumulando dívidas impagáveis. Não é justo! Somos todos educadores(as) e unidos e fortes vamos assegurar um novo tempo para a educação!