Organizar a luta, refletir sobre a atuação do Sindicato e debater o presente e o futuro da mobilização por direitos da categoria e em defesa da escola pública. É com estes objetivos que o CPERS iniciou, nesta sexta-feira (26), o XI Congresso Estadual da entidade.
Com o tema “Democracia Viva, Educação Presente”, a iniciativa, realizada em Bento Gonçalves, reuniu quase dois mil educadores(as) para discutir e traçar estratégias, coletivamente, com foco nos rumos da resistência e nos passos da luta para os próximos anos da organização sindical.
A abertura do Congresso contou com a bela apresentação do Coral das Educadoras Aposentadas do 12º Núcleo do CPERS (Bento Gonçalves).
A presidente do CPERS, Helenir Aguiar Schürer, abriu o evento ressaltando a importância da iniciativa, para pensar, de forma unitária, os próximos passos da luta do Sindicato.
“Não serão passos fáceis, mas o primeiro e mais importante nós já demos, quando tiramos da presidência da República o representante mais fiel do fascismo, Jair Bolsonaro. Ele nos colocou como seus inimigos, como doutrinadores. Mas se fôssemos doutrinadores, ele jamais teria sido presidente desse país.”
“Vencemos, mas o desafio ainda é grande, pois aqui no Rio Grande do Sul temos um governador que nos ataca dia e noite”, pontuou.
Helenir também salientou a necessidade de fortalecer a luta pela revogação do Novo Ensino Médio.
“Retiraram disciplinas importantíssimas para a construção de cidadãos e cidadãs com capacidade crítica. Defenderemos o direito dos nossos alunos a disputar vagas nas universidades públicas.”
Outro ponto ressaltado pela presidente foi a reforma desumana do IPE Saúde, proposta pelo governo Eduardo Leite (PSDB), e que deve ser votada em junho.
“Estamos fazendo plenárias em todo o estado para fortalecer a mobilização. No dia em que ocorrer a votação na Assembleia Legislativa, faremos tremer Porto Alegre. Seremos milhares e vamos impedir que este projeto cruel seja aprovado”, afirmou.
Por fim, Helenir conclamou a unidade da categoria no fortalecimento da luta. “Vamos traçar estratégias e elaborar coletivamente um Plano de Lutas. Tenho certeza que todos sairemos fortalecidos.”
Centrais sindicais ressaltam a importância da união da classe trabalhadora
O fortalecimento da defesa do IPE Saúde, através das plenárias que estão sendo realizadas em todo o estado, a necessária revogação do Novo Ensino Médio (NEM), a valorização e o respeito aos direitos das categorias, a importância da retomada da democracia, através da eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e a unidade da classe trabalhadora foram alguns dos pontos defendidos pelos representantes das centrais sindicais, que participaram da cerimônia de abertura do Congresso.
Integraram a mesa Amarildo Cenci, da CUT, Guiomar Vidor, da CTB, Neiva Lazzarotto, da Intersindical e Régis Etur, da CSP-Conlutas.
Presidente da CNTE pontua os desafios e conclama unidade para barrar ataques aos educadores
O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Heleno Araújo, apresentou uma análise da conjuntura nacional, com foco na educação.
“Precisamos reafirmar os pontos positivos, lembrar o que falta e definir ações para fortalecer a nossa luta. O tema do Congresso do CPERS ‘Democracia Viva, Educação Presente’ nos faz sentir, de fato, que estamos vivenciando a democracia viva”, afirmou.
Heleno ressaltou que a realidade dos últimos anos deixa claro o cenário de aumento das desigualdades sociais, econômicas e culturais.
“Mais do que nunca, nossas ações coletivas são essenciais para fazermos uma luta forte e reverter esse cenário. Um dos desafios é ir além da resistência, fazer com que coloquem em prática as leis que já conquistamos nesse país. Por isso, o povo brasileiro precisa conhecer e entendê-las.”
Outros pontos classificados como fundamentais por Heleno foram a necessidade de retirar o Fundeb do arcabouço fiscal, revogar o programa das escolas cívico-militares e elaborar e aprovar um novo Plano Nacional da Educação.
Novo Ensino Médio atende aos interesses do mercado e desconsidera os anseios dos estudantes
Para apresentar as consequências do Novo Ensino Médio (NEM), o Congresso do CPERS trouxe a palestrante, Suzane da Rocha Vieira Gonçalves, presidente da Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação (ANFOPE).
A educadora fez um resgate sobre o contexto em que surgiu o NEM, após o impeachment da presidente Dilma Roussef (PT), em 2016, e observou que a proposta desconsidera o papel dos professores(as). “Ou seja, podemos classificar como uma visão abolicionista da BNCC no contexto da sala de aula”, observou.
Outro ponto destacado por Suzane foi de que o NEM atende principalmente aos interesses do mercado e desconsidera o dos estudantes.
“Visa a formação de um trabalhador que não questiona, que abaixa a cabeça para o que os patrões impõem.”
Segundo ela, a reforma promete revolucionar o Ensino Médio, porém, não olha as condições das escolas e, menos ainda, as de trabalho dos profissionais que atuam nas instituições, ferindo a concepção da Educação Básica.
“A infraestrutura das escolas não está na discussão. Inúmeras não têm local adequado para a prática de esportes, acesso à água potável, internet e outras, sem transporte escolar, acabam vendo muitos alunos desistirem dos estudos”, observou.
“A questão da infraestrutura não entra na discussão da reforma. O não investimento na educação é uma escolha política. Por tudo que analisamos e expusemos é urgente a revogação do Novo Ensino Médio”, frisou.
Defesa das teses encerra primeiro dia do Congresso
A última atividade do primeiro dia do XI Congresso Estadual do CPERS foi a apresentação das 19 teses inscritas pelas forças políticas que compõem a entidade.
Um momento importante do processo, que envolve intensa discussão sobre a conjuntura, a situação da educação, a pauta de reivindicações e o Plano de Lutas, além do balanço da atuação do Sindicato desde o último Congresso, realizado em 2019.
Neste sábado (27), será realizado o debate e a aprovação das resoluções de conjuntura internacional, nacional, estadual e educacional.
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