CPERS participa de Audiência Pública sobre o direito à alimentação escolar


Na última terça-feira (18), o CPERS participou de Audiência Pública promovida pela Comissão de Educação da Assembleia Legislativa, que tratou do direito à alimentação escolar, da falta de cozinheiras, de auxiliares de cozinha e de problemas estruturais nos refeitórios das escolas da Rede Estadual. A proponente do encontro foi a deputada Sofia Cavedon (PT), presidente da Comissão.

No início do ano, o governo de Eduardo Leite (PSDB) constatou que mais de 700 escolas da rede estadual precisavam de reformas nas cozinhas e refeitórios. Outro problema é a falta de nutricionistas nas escolas, para que seja feita uma educação alimentar.

“Nós identificamos também que as escolas gaúchas não possuem nutricionistas, apenas em algumas coordenadorias regionais de educação aparecem técnicas em nutrição. Além disso, é generalizada a carência de pessoal nas escolas para preparação de alimentos e para limpeza”, relata a deputada Sofia Cavedon (PT).

O 2º vice-presidente do CPERS, Edson Garcia, esteve presente na Audiência e destacou o cenário que Sindicato encontra quando visita às escolas pelo estado.

“Dificilmente exista uma escola, quando a gente percorre o estado, em que alguém da cozinha não esteja em licença saúde. E é altamente compreensível, pois elas seguram panelas maiores do que elas, muitas vezes. Eu vejo o quão desgastante é para cada colega manter as cozinhas limpas, ainda mais com uma ou duas funcionárias. E elas nos dizem: pelos alunos, a gente faz hora extra, para no dia seguinte a cozinha estar limpa e as tarefas adiantadas, para a merenda da manhã”, relata Garcia.

A falta de pessoal para trabalhar nas escolas, sobrecarrega os demais funcionários(as). A terceirização, frequentemente usada pelo governo como uma maneira de se eximir dos cuidados básicos com a educação, só piora a situação. 

“O que acontece hoje é muito difícil de entender. Como que uma Secretaria de Educação não tem planejamento de quantos funcionários e funcionárias coloca em uma cozinha? Existe um cardápio, que é irreal, porque eles colocam “alimentação quente tantas vezes por semana”, mas esquecem que alguém tem que fazer essa alimentação quente. Esquecem que alguém tem que lavar a louça, esquecem que alguém tem que servir. Não tem funcionários suficientes”, aponta Edson.

O diretor da EEEM José Mânica, de Santa Cruz do Sul, Vinícius Finger, conta que a escola está sem cozinha desde 2002. Um novo prédio deveria ser construído, mas nada foi feito nesses mais de 20 anos. “Desde 2016, tem uma estrutura provisória, de contêiner, com paredes de PVC, em torno de 40 m², ou seja, um lugar pequeno, que serve como cozinha e refeitório. A cozinha é um corredor de 2 x 4 m, onde são preparadas as refeições para os três turnos. É uma estrutura que limita até o tipo de comida que vamos servir. Um alimento que precise do uso do forno industrial, não vai ser feito, pois há o risco de esquentar demais a parede”, denuncia o diretor. 

A insegurança alimentar ainda é a realidade de milhares de alunos(as) do estado, e isso impacta diretamente no aprendizado e rendimento escolar. O governo de Eduardo Leite (PSDB), que prometeu priorizar a educação, parece não entender que apenas o aumento de verba para os alimentos da merenda, não basta. É necessário que as escolas tenham equipes que consigam dar conta das demandas, com salários dignos, para que estas também não sofram com a insegurança.

O CPERS continuará exigindo que o governo olhe para as escolas e para as pessoas que as mantém funcionando, e que cumpra com o que prometeu em campanha: priorizar a educação.

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