CPERS denuncia assédio moral e riscos do plantão presencial nas escolas em reunião da Comissão de Educação


Além da pressão devido aos riscos da pandemia do coronavírus (Covid-19), os educadores gaúchos estão sofrendo assédio moral e continuam sendo chamados a fazer plantões nas escolas, elevando as chances de contágio.

Esta foi a pauta levada pelo CPERS à reunião da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa, realizada de forma virtual, na manhã desta terça-feira (30).

Helenir Aguiar Schürer, presidente do Sindicato, observou que a divulgação de que 49% dos estudantes já acessaram a nova plataforma de ensino remoto colocada pelo governo, o Google Classroom, não reflete a realidade.

“Pode até estar o nome do aluno, mas isso não significa que estão tendo acesso. Inúmeros não têm sequer internet”, observou.

Ela também chamou atenção para a o assédio moral praticado diariamente contra os trabalhadores(as) da educação. “Ameaçam escolas que não alcançarem metas de acesso de alunos, dizendo que o ano letivo pode não ser encerrado, o que conhecendo este governo, abriria brecha para descontos salariais. Isso é terrorismo”, alertou.

A vice-presidente do CPERS, Solange Carvalho, endossou as afirmações de Helenir lembrando que o Conselho Geral da entidade deliberou pelo fechamento total das escolas. “Ameaçar com corte de salário e suspensão do ano letivo é muito grave. Os educadores estão usando seus próprios recursos para poder passar as atividades. É preciso que o governo pare de brincar com as nossas vidas”, afirmou.

Diante do exposto pelo sindicato, a presidente da Comissão, deputada Sofia Cavedon, foi taxativa. “Ou o governo fornece internet livre para todos ou paga para professores e alunos terem acesso aos conteúdos. Não podemos aceitar uma farsa que fortaleça a desigualdade.”

Falta escuta e sobra exposição

A diretora do Departamento dos Funcionários de Escola do CPERS, Sonia Solange Viana, falou sobre a gravidade da falta de recursos para a compra dos equipamentos de proteção. Não existem sequer máscaras disponíveis.

“Muitas escolas precisam usar a verba para demandas urgentes como pagar a conta de luz para que não seja cortada. O governo precisa definir de onde vem a verba e quanto será destinado para as escolas”, observou.

Edson Garcia, segundo vice-presidente do sindicato, manifestou preocupação com a continuação dos plantões nas escolas, observando que muitas instituições inclusive reforçaram os dias de plantão. “É um massacre atrás do outro, não vemos efetivamente ações para resolver os problemas que estamos enfrentando”, disse.

Helenir frisou que, ao mesmo tempo em que o Executivo não ouve o sindicato, joga nos ombros das direções de escola a responsabilidade por possíveis casos de contaminação.

“Estamos recebendo diversas ligações de diretores preocupados com responsabilidade atribuída a eles. Não fomos ouvidos em espaço nenhum e agora querem colocar mais esta carga nas costas dos educadores?”, questionou.

Sofia relatou que, na 8ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), quatro trabalhadores(as) confirmaram positivo para o coronavírus. “O governo continua solicitando os plantões nas escolas e não atende o nosso pedido de reunião”, frisou.

“Podemos ser um excelente órgão de auxílio, assessoramento e debate, mas infelizmente ficamos sabendo das notícias pelos jornais. Se a Seduc é o nível máximo da educação no poder Executivo, nós somos no poder Legislativo”, acrescentou o vice-presidente da Comissão, deputado Issur Koch, vice-presidente da Comissão.

Conselho Estadual de Educação participará da próxima reunião

A coordenadora da área técnica de Educação da Famurs, Fátima Ehlert trouxe a informação de que na reunião realizada ontem com a Seduc ficou decidido que o Conselho Estadual de Educação (CEEd), no qual o CPERS tem representação, participará da próxima reunião com representantes da pasta, na semana que vem.

Também serão incluídos representantes da Uncme.

Fátima também informou que nos próximos dias a Famurs realizará uma campanha para exigir do governo testagem em massa nos municípios. Lembrou do exemplo de Palmeira das Missões, onde a prefeitura fez uma parceria com a Universidade Federal de Santa Maria para oferecer os testes a um custo mais acessível.

Foram realizados 120 testes por dia ao custo de R$ 60,00. “Nossa posição continua sendo a de que, se não tiver testagem em massa e todas as condições necessárias para um retorno seguro, não é possível retomar o ensino presencial”, afirmou.

Encaminhamentos                                  

Ao final da reunião ficou definido que a Comissão irá solicitar uma reunião com o secretário de planejamento do governo, Claudio Gastal, para apresentar as demandas discutidas e reforçar a importância da testagem em massa.

“É o secretário que está na gestão das bandeiras do isolamento controlado no estado. Vamos colocar que nem isso está sendo respeitado pela Seduc. Queremos uma reunião entre a comissão, o CPERS e o secretário”, afirmou Sofia.

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