Para cobrar melhorias no atendimento e debater sobre o fechamento de agências e escritórios vinculados ao IPE Prev no interior do Estado, o CPERS reuniu-se com representantes do IPE Saúde, deputados(as) e demais entidades em Audiência Pública promovida pela Comissão de Segurança e Serviços Públicos e pela Comissão de Economia, Desenvolvimento Sustentável e do Turismo, da Assembleia Legislativa do RS, na manhã desta quarta-feira (1º).
A diretora do CPERS e conselheira do IPE Saúde, Vera Lessês, fez uma breve análise sobre a precariedade do IPE Saúde nos atendimentos pelo interior do estado e ressaltou a importância do plano para os educadores(as).
“O IPE é muito precioso para nossa categoria, é muito importante. Represento aqui uma das categorias mais empobrecidas do Rio Grande do Sul e que padece pelo interior do estado porque não há atendimento qualificado. Faltam médicos, anestesistas e demais funcionários de saúde”, destacou.
A educadora relatou a triste realidade de muitos colegas que têm muitas vezes que fazer empréstimo para pagar por atendimento que o plano não cobre. “Quando um colega passa por cirurgia e tem que pagar o anestesista, muitas vezes o valor da anestesia é superior ao nosso salário, e essas pessoas precisam buscar empréstimos junto aos bancos. E quando o IPE ressarce o valor é insignificante comparado ao valor pago.”
“Faço aqui um apelo aos deputados e dirigentes do IPE que estão presentes. Precisamos de uma política pública que ofereça serviço de qualidade para os nossos associados que estão em condições de miserabilidade. Precisamos que ao menos no momento do tratamento da saúde eles tenham dignidade junto ao plano”, continuou Vera.
A conselheira destacou que o IPE Saúde enfrenta um problema sério na estrutura desde 2018 quando as autarquias do IPE foram divididas. Desde lá os presidentes já trocaram por diversas vezes.
“Nós não temos alguém na direção da autarquia que abrace o IPE Saúde, porque os cargos são cargos políticos. Com certeza no início do ano que vem corremos o risco de ter outro presidente. Falta uma gestão séria e qualificada para oferecer políticas públicas que de fato tragam ou devolvam a qualidade que há muito tempo o IPE teve”, finalizou
O educador e conselheiro do IPE Saúde, Antonio Andreazza destacou a dificuldade que muitos usuários têm ao acessar o atendimento online.
“A maioria da nossa categoria são aposentados que têm dificuldade em lidar com as tecnologias. O que acontece com essas pessoas que não tem acesso internet e precisam de atendimento pelo interior do Estado?”, refletiu.
Antônio lembrou que em 2019 diversos imóveis do IPE foram vendidos e os valores foram repassados para o governo. “Não eram imóveis parados, mas de uso para os atendimentos regionais. Simplesmente os bens do IPE passaram para o estado. Isso é inadmissível”, concluiu.
A professora municipal de Jaguarão, Luciane Pires Rodrigues relatou as dificuldades que enfrenta com o plano.
“Há 14 anos, quando tive minha primeira filha, tivemos toda assistência com quarto privado, tudo coberto pelo IPE. Há 6 anos quando tive minha segunda filha, fiz uma cesária de emergência pelo SUS com outro médico que não conhecia a minha situação, porque o plano não cobria.”
Já em 2019 quando teve o terceiro filho Luciane foi conseguir atendimento somente aos três meses de gestação.
“Foi aí que eu soube que o IPE não cobria mais partos em Jaguarão. Em Pelotas (cidade vizinha), o valor do parto era 4 mil para o médico, fora a equipe. Mesmo com o plano tenho que contar com o SUS, pois nem pediatra temos mais em minha cidade. Sem falar que os médicos credenciados estão cobrando por fora. Minha última consulta paguei R$ 200,00”, declarou Luciane.
O presidente do IPE Saúde, Júlio César Viero Ruivo destacou que a instituição vem enfrentando diversas dificuldades há anos e que depois da pandemia houve um agravamento financeiro da autarquia.
“Nós estamos apresentando para o governo uma série de medidas que visam reduzir os problemas dos associados, resolver problemas estruturais e de recursos humanos.”
Sobre o fechamento das agências nas cidades do interior Ruivo destacou que o IPE Saúde não era gestor desses pontos, mas que medidas vem sendo tomadas para suprir essa carência. “O IPE tomou iniciativa de abrir pontos de atendimento em parceria com prefeituras e hoje temos 67 pedidos dessas parcerias”, destacou.
Ruivo explica que o IPE Saúde está há anos trabalhando no vermelho, já que seus usuários servidores públicos não tem reajuste salarial há sete anos.
“Por isso a nossa arrecadação não aumenta, em compensação as despesas só crescem. O IPE está trabalhando no negativo e se não fizermos nada ele será sucateado e extinto. Mas nós estamos tomando medidas para que isso aconteça.”
O presidente do IPE concordou com todas as queixas trazidas pelos participantes e destacou que as medidas que estão em avaliação com o governo será o início da melhoria da instituição. “O motivo da nossa existência é os usuários e temos que atendê-los da melhor forma”, concluiu.
Os encaminhamentos da reunião apontaram para solicitação de uma reunião com a Casa Civil, IPE Saúde e Prev e a Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul para garantir melhoras no plano.