Conectadas na luta: aposentadas de Santa Rosa debatem pandemia e direitos em reunião virtual


Luta, informes jurídicos e pandemia pautaram a reunião virtual com as aposentadas e aposentados de Santa Rosa (10ª Núcleo), na tarde desta sexta-feira (7).

Cerca de 90 educadores(as) participaram da atividade, que também recebeu convidados dos núcleos de Santo Ângelo, Frederico Westphalen e Três de Maio.

Glaci Weber, diretora do Departamento dos Aposentados do CPERS, abriu a reunião e ponderou que estes encontros são a melhor forma de articular a luta em meio à pandemia.

“As reuniões virtuais estão acontecendo em todos os núcleos. Essa é diferente porque Santa Rosa decidiu convidar mais três núcleos, o que achei ótimo. Quero dizer que todas as reuniões tiramos coisas boas. As pessoas estão tristes de estarem em casa. Temos um governo que está nos tirando direitos e estamos lutando bravamente. Essa reunião tem a finalidade de continuarmos com as nossas políticas para aposentados”, destacou Glaci.

A vice-diretora do 10º núcleo (Santa Rosa), Glaci Paulina Krann, falou sobre o histórico de mobilizações dos aposentados(as) e do Sindicato, além dos ataques permanentes contra os educadores(as).

“Quero saudar a todos com um abraço virtual bem forte. Estamos sentindo na carne todos os ataques que estamos recebendo. É um projeto tanto no nível federal quanto estadual. Tenho votos de que tenhamos uma tarde proveitosa com os nossos palestrantes. E que tenhamos muita força, fé e saúde para continuar a luta”, afirmou.

A representante dos aposentados(as) de Santa Rosa, Lúcia Muttersollis, agradeceu a direção central do CPERS, a direção do 10º núcleo e aos aposentados do núcleo, e ressaltou a importância da reunião.

“Agradeço pela videoconferência, pelas informações importantes que vamos receber. É de nossa responsabilidade manter a chama acesa, não podemos perder as esperanças, temos que continuar a luta”, concluiu.

“Nós aposentados estamos preocupados com a nossa saúde, família, desemprego e ainda temos que conviver com os ataques aos nossos direitos. Esse encontro é um momento para refletir e unir forças para a luta”, afirmou a secretária de Aposentados(as) e Assuntos Previdenciários da CNTE, Selene Michielin.

Cuidados na pandemia

O biomédico, mestre e doutor em biologia celular e molecular pela UFRGS, Dr. Eduardo Chiela, foi quem esclareceu dúvidas sobre a pandemia Covid-19.

Eduardo também é professor adjunto do Departamento de Ciências Morfológicas do Instituto de Ciências Básicas da Saúde da UFRGS e pesquisador do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.

O doutor fez uma breve narrativa sobre o início da Covid-19 pelo mundo, frisando que São Paulo foi o primeiro estado com casos no Brasil. Depois, a pandemia se alastrou pelo país. “Vemos que em Manaus a curva está decrescente, enquanto aqui no Rio Grande do Sul estamos no pico da doença”, falou.

“Estamos vendo líderes que não respeitam a ciência. A ciência busca na base a resposta para depois chegar a certeza. Políticos trazendo informações distorcidas. Só o Brasil é o país que tem por dias mais de mil óbitos diariamente”, declarou.

Eduardo fez questão de falar sobre a importância do isolamento social e que as escolas não devem voltar às aulas.

“O distanciamento é fundamental, as aberturas das escolas só podem acontecer quando o vírus tiver completamente controlado. As voltas às aulas passam por vários processos, na parte estrutural, psicológica. E não estamos prontos para isso nesse momento”, frisou.

“Não podemos achar nada, temos que ter segurança cientifica para tomar decisões certas”, destacou Eduardo.

O doutor apontou que não temos nenhum tratamento comprovado para prevenir a Covid-19 e destacou qual é o momento certo para buscar assistência médica.

“Deve buscar-se assistência médica não só quando a pessoa está com falta de ar, mas sim quando tem febre alta. Pois, quando a pessoa já está com falta de ar, pode ser um quadro irreversível”, argumentou.

O educador também falou sobre a eficácia dos testes de farmácia. “Os testes de farmácia não servem para dizer se a pessoa está com a covid-19 nesse momento. Ele serve para dizer se a pessoa já teve o vírus. Somente os testes de laboratórios podem dizer se a pessoa está ou não com o vírus”.

Eduardo também alertou sobre a imprecisão de quando a vacina para Covid-19 será distribuída para a população. “Temos que cuidar da gente, cuidar do nosso psicológico. Dar atenção para as pessoas. Um oi faz muita diferença para muitas pessoas.”

Sobre as pessoas que não estão respeitando o distanciamento social e o novo decreto de Marchezan – que liberou o comércio por três dias na capital-, o médico foi enfático:

“Nós que respeitamos o distanciamento somos responsáveis direto pela situação não está pior. Não existe no mundo lugar que tenha liberado a abertura do comércio em um pico tão alto como estamos. Enquanto não temos uma curva decrescente não temos que abrir nada. O momento pede o oposto do que foi deliberado aqui em Porto Alegre”.

Em sua página no Facebook, o Dr. Eduardo também publica dicas e dados científicos sobre o vírus e a pandemia.

Recreio é diversão na videoconferência

Por alguns momentos os aposentados e aposentadas podem conversar com os microfones abertos. Nessa hora, também são apresentadas as homenagens aos educadores através da música, dança, vídeos e poesia.

Durante o “recreio”, o professor aposentado Carlos Alberto Moraes, de Três de Maio, e o estudante Enzo Maganha Szmanskia, filho da Ângela Maganha, secretária da Escola Polivalente em Santa Rosa, fizeram apresentações musicais.

 Alterações no Plano de Carreira, desconto da Previdência e informes jurídicos

A presidente do CPERS, Helenir Aguiar Schürer, fez uma breve saudação aos presentes, destacando a felicidade de ver todos bem. Helenir também falou sobre a campanha “Fora Bolsonaro” que o sindicato aderiu.

“Tiramos em nosso conselho geral a participação da campanha “Fora Bolsonaro” e recebemos algumas críticas em nosso Facebook. Quero dizer que o nosso sindicato é pluri político, temos diversas partidos em nossa direção”, observou Helenir.

A presidente destacou que muitos ataques à categoria partem do governo federal, como foi o caso do desconto da previdência, congelamento de salários e o Fundeb. “Aqui nessa sala temos muitos prejudicados pelo governo Bolsonaro, o desconto da Previdência mesmo partiu dele”.

Outro destaque dado pela presidente foi o PLC 148/2020, que prevê a retirada de quase R$ 2 bilhões do fundo do IPE Prev. O projeto, mandado pelo governador Eduardo Leite, tramita na Assembleia Legislativa.

“Se Leite retirar esse dinheiro, a previdência pode ficar mais deficitária e ele nos chamar para pagar a conta. Temos que fazer muita pressão, mandar e-mails para dos deputados. Não podemos deixar que esse projeto seja aprovado. Temos que nos posicionar fortemente contra isso”, frisou Helenir.

A educadora também lembrou que Eduardo Leite (PSDB) aproveitou a pandemia para retirar o Difícil Acesso da categoria. “É importante que vocês olhem seus contracheques e vejam se o governo também não tirou o difícil acesso de vocês aposentados. E caso veja algum erro procurem seus núcleos para falar com os advogados responsáveis. ”

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O advogado Rodrigo Sebben participou da atividade trazendo informes jurídicos para os aposentados presentes na reunião.

Rodrigo fez uma breve análise dos trâmites da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIn), ajuizada no Supremo Tribunal Federal, que busca reverter o desconto da previdência que os a educadores aposentados estão pagando desde março. “É um valor que faz falta em todo final de mês”, destacou.

Sobre o PLC 148, que prevê a retirada 2 bilhões dos cofres da previdência, Rodrigo frisou que é importante a luta para que a categoria não pague a conta.

“Se esse projeto passar a tendência é que acabe estourando no bolso dos aposentados, como foi o desconto da previdência atual. Vocês contribuíram a vida toda para ter uma aposentadoria digna e agora voltaram a contribuir novamente. O que é injusto”, ponderou.

O advogado explicou que o desconto da previdência pode chegar até 32% . E com PLC 148 isso pode acorrer, ou seja, aumentar a contribuição dos educadores ativos e inativos.

Outro ponto destacado por Rodrigo foi a confusão dos contracheques que os educadores(as) têm enfretado, desde março, com a alteração do Plano de Carreira.

“Fizemos junto com a comunicação do sindicato um vídeo explicativo sobre a alterações nos contracheques para vocês verem e compararem com os seus. Havendo qualquer problema ou se tiver alguma dúvida entrem em contato com a direção do núcleo para que ela nos contate”, destacou.

O vídeo deve ir ao ar esse final de semana no site e redes sociais do CPERS.

Estiveram presentes na reunião o 2º vice-presidente, Edson Garcia, a secretária-geral, Candida Beatriz Rossetto, e as diretoras Alda Bastos Souza, Rosane Zan e Vera Lessês.

Também participaram da atividade os diretores dos núcleos, Maria Cleni da Silva (Frederico Westphalen), Marino Simon (Três de Maio), Maria Celeste Pereira Ramos Paiva (Santo Ângelo) e Maria Izete Paré Rhodes (Alegrete).

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