Os encontros virtuais das aposentadas e aposentados do CPERS continuam a todo vapor pelos Núcleos do Sindicato. A iniciativa realizada pelo Departamento dos Aposentados(as) do CPERS tem o objetivo de levar a informação até essa parte importante da categoria, além de prepará-los para a luta.
Nesta sexta-feira (17), a atividade ocorreu no 6º Núcleo (Rio Grande) e reuniu cerca de 50 participantes.
Glaci Weber, coordenadora do Departamento dos Aposentados(as) do Sindicato deu as boas-vindas aos presentes e destacou a importância da atividade.
“Parabenizo todos que estão aqui, pois venceram um grande desafio. De lidar com a informática. O objetivo do encontro é levar informações até vocês, nos reunirmos e não estarmos isolados completamente”, afirmou Glaci.
A diretora do 6º Núcleo, Andréa Nunes da Rosa destacou a importância da iniciativa nesse momento de pandemia.
“Quero agradecer a direção central em especial a Glaci e a Alda por estarem enfrentando esse desafio, e estarem reunindo nossos aposentados virtualmente. Estou muito feliz que todos que estão aqui aceitaram esse desafio e estamos juntas agora. Estamos com saudade de nos abraçar, nos olharmos, rir e chorar juntos. De lutarmos, mas logo estaremos juntos novamente”, frisou.
“É muito bom ver todos mesmo à distância. A saudade é grande. Muito bom essa reunião para nos atualizarmos e continuarmos a luta”, afirmou Lucia Mother representante estadual dos aposentados, do núcleo de Santa Rosa.
A vice-presidente, Solange Carvalho falou da saudade dos aposentados e relembrou um pouco a luta da categoria.
“Estou aqui hoje para aprender e matar a saudade. Eu sou agora uma nova aposentada. Consegui me aposentar em fevereiro. Muito bom ver todas e todos”, destacou.
A secretária-geral do CPERS, Candida Beatriz Rossetto destacou que o mais importante do encontro é todos poderem se ver mesmo que virtualmente, além do preparo para a luta.
“Que esse encontro sirva para aglutinar forças para derrotar esse governo”, afirmou.
Pandemia e isolamento social
O biomédico, mestre e doutor em biologia celular e molecular pela UFRGS, Dr. Eduardo Chiela foi quem explanou sobre a pandemia que assola o mundo.
Eduardo também é professor adjunto do Departamento de Ciências Morfológicas do Instituto de Ciências Básicas da Saúde da UFRGS e pesquisador do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.
No início de sua fala Eduardo fez a questão de homenagear os professores. “Vocês são fundamentais em qualquer sociedade. Eu tenho propriedade para falar isso, pois sou filho de uma professora e que hoje é diretora”.
O biomédico lembrou que quando tinha 10 anos, a mãe dele ficava até de madruga corrigindo trabalhos e provas e ele permanecia com ela.
“Sou muito agradecido pela minha mãe ter sido professora e ter me ajudado a escolher minha profissão, pois foi através dela que decidi também lecionar”.
“Obrigado por nos ensinar, por ajudar a formar caráter. Agradeço mesmo, de coração”, completou Eduardo em agradecimento aos mestres aposentados(as) presentes.
O doutor em biologia fez questão de ressaltar que temos os grupos de risco, mas o vírus pode infectar e levar a óbito qualquer ser humano. Além de apontar a necessidade do isolamento social.
“O distanciamento social evitou até 90% de mortes. Vemos que países que lutam contra o distanciamento, estão pagando muito caro por isso. O distanciamento é comprovadamente necessário nesse momento”, observou.
O mestre ainda chamou atenção para o sistema de saúde de Porto Alegre que está quase entrando em colapso, com 90% das UTIs ocupadas. “Estamos no pior momento da pandemia e isso vale para todo Estado. ”
O professor destacou que ninguém deve tomar nenhum tipo de medicamento para precaver o Coronavírus. “Todos esses medicamentos não têm comprovação nenhuma. Pelo contrário, um exemplo é a cloroquina, ela aumenta o risco de óbito por complicações cardíacas”, destacou.
Eduardo acrescentou que apesar de a curva no Brasil estar estável, o risco segue alto. “A nossa curva está estável, mas com um número de óbito muito grande e isso é preocupante”.
O educador também falou sobre a eficácia dos testes de farmácia. “Os testes de farmácia não servem para dizer se a pessoa está com a COVID nesse momento. Ele serve para dizer se a pessoa já teve o vírus. Somente os testes de laboratórios podem dizer se a pessoa está ou não com o vírus”.
Eduardo explicou como se divide os grupos de risco: idosos, obesos, pessoas com doenças cardiovasculares, com diabetes ou com doenças respiratórias crônicas. O professor também falou da importância das pessoas que já tiveram COVID doarem sangue nos hemocentros.
“Os hemocentros estão recebendo o sangue de quem já teve vírus e se curou. Para usar o plasma na cura dos pacientes que estão com o Coronavírus. Então espalhem isso para todos, quem já teve pode procurar hospitais para doar o sangue. Um professor da minha faculdade doou e já salvou quatro vidas”, afirmou.
Eduardo finalizou a palestra destacando a importância do autocuidado e com quem nós amamos.
“Isso vai passar, temos que fazer coisas que nos fazem bem. Estamos vendo que quem deveria cuidar da gente não está fazendo isso. Então vamos cuidar um dos outros. Dar atenção para aquelas pessoas que estão mais para baixo, mandar uma mensagem dando um oi, um bom dia, um boa noite, já ajuda muito. A pessoa ganha o dia”, concluiu.
Em sua página no Facebook, o Dr. Eduardo também publica dicas e dados científicos sobre o vírus e a pandemia.
Aposentados(as) e a pandemia
A secretária de Aposentados(as) e Assuntos Previdenciários da CNTE, Selene Michielin, falou dos desafios dos aposentados e da luta em meio a pandemia.
“Nós enquanto aposentados e aposentas temos muitos dilemas nesse momento. Quantos de nós puderam ficar realmente isolados? Porque muitos de nós moram juntos com filhos, mães. ”
Selene observou que a preocupação com inúmeros problemas que vieram com a pandemia nos deixam mais ansiosos, e, além disso, ainda precisamos nos preocupar com um governo que não se preocupa com as pessoas.
“Temos um presidente que nega a pandemia, um ministro da saúde interino, um ministro da educação que não tem preocupação com a educação, com a qualidade das aulas, com os nossos estudantes sem acesso à internet”, afirmou.
“O nosso maior objetivo é preservar vidas e o melhor jeito nesse momento é ficando em casa. Mas nós da CNTE estamos engajados em diversas frentes com a preocupação de não perder mais direitos”, concluiu.
Informes jurídicos e as lutas da categoria
Helenir Aguiar Schürer, presidente do CPERS ressaltou a felicidade de ver todos bem.
“Sempre é bom a gente se reencontrar, ainda mais na pandemia, nesse momento difícil que estamos passando. ”
Helenir falou da importância da política em nossas vidas. “Temos que gostar de política. E quando falo em gostar de política, não quer dizer que temos que nos filiar a algum partido, mas sim fiscalizar a política. Saber o que está acontecendo”.
A presidente também falou da confusão dos contracheques e da importância de acompanhar todos os meses as alterações de valor.
“Quem é aposentado nunca foi tão importante olhar o contracheque. O governo tem se enganado para o lado deles. É importante observar se não retirou o valor do difícil acesso. Se isso acontecer procure o nosso jurídico”, observou.
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A educadora relatou que tem ouvido falar que Leite é pior que Sartori, mas destaca que é somente a continuidade da mesma política. “O Leite não é pior que o Sartori. O que estamos vendo é o prosseguimento do mesmo projeto, da mesma política de estado mínimo”.
Para Helenir, Bolsonaro e Leite, apesar de terem jeitos e comportamento diferentes, dividem a mesma política. “Temos ataques aparecendo de todos os lados, eles estão aproveitando esse momento de pandemia”.
A presidente ainda ressaltou a importância dos aposentados(as) na luta e falou do orgulho de fazer parte da direção do Sindicato. “Temos um exército que se aposentou das salas de aula e não das lutas, que são os nossos aposentados. Tenho orgulho de dirigir esse sindicato. Pois, não conheço outra categoria que tenha tanta resistência e tanta resiliência quanto a nossa”
O advogado Bruno Tschiedel, que faz o atendimento para o 6º Núcleo (Rio Grande), falou sobre o desconto da previdência, explicando os trâmites da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIn) ajuizada no Supremo Tribunal Federal.
“Pode ser que tenhamos uma decisão favorável por esses meses, com o julgamento da ADIn. Infelizmente não temos uma data ainda para esse julgamento acontecer, assim que tivermos iremos divulgar. Mas se ganharmos a Adin, o governo terá que devolver esse dinheiro que já foi descontado”, destacou Bruno.
O advogado também falou sobre os juros abusivos cobrados por muitas financeiras.
“Temos situação de servidores que vão ter seu dinheiro de volta. Muitas financeiras vêm procurando associados para fazer acordo por fora. O que não recomendamos. É muito importante que quem tenha contratos com financeiras venha falar conosco, para vermos os contratos e ver o que pode ser feito”, observou.
A parte cultural do evento ficou por conta da apresentação de um vídeo da funcionária do núcleo, Prisciane Teixeira que interpretou com o seu pai Jader Teixeira, a música o Bêbado e a Equilibrista em homenagem aos educadores presentes. Confira!