Filme “O Fim do Sonho Americano” ajuda a entender a realidade atual da crise econômica e desigualdade social enfrentada no Brasil


Em tempos de luta e resistência o CPERS indica o filme “O fim do Sonho Americano”, o qual retrata que a desigualdade social é o grande desafio da humanidade no século XXI, inclusive para a nação mais rica e poderosa do mundo (Estados Unidos).
Já foi o tempo em que as crises econômicas penalizavam somente os mais pobres. Atualmente a classe média norte-americana é uma das maiores vítimas da excessiva concentração de renda nas mãos de poucos. Tanto que hoje a nova geração de millenials se encontra sem grandes perspectivas de futuro e mais pobre que seus pais.
Desde os anos de 1980, com a implantação do chamado ‘neoliberalismo’, o sonho americano como conhecemos morre lentamente e este é o tema do documentário Requiem for the American Dream (O fim do Sonho Americano)
O Documentário mostra através de embasamento científico de Noam Chomsky, considerado como o maior intelectual vivo do planeta, como se mantém a estrutura de poder e corrupção pelo mundo. Como uma minúscula oligarquia mundial, através de seu poderio, consegue sabotar qualquer sonho de democracia e bem-estar. (VEJA AQUI O DOCUMENTÁRIO COMPLETO).

Através de uma série de entrevistas, realizadas durante 4 anos, Chosmky explica Os Dez Princípios da Concentração de Riqueza e Poder:

1. Reduzir a democracia: como uma das maiores preocupações dos “pais fundadores” da sociedade americana, expresso na Constituição e na criação do Senado, a exemplo de James Madinson, era proteger os ricos do “excesso” de democracia, criando mecanismos para que ela “não fugisse do controle”.
2. Moldar a ideologia: o documento “A Crise da Democracia” da Comissão Trilateral, citado por Chomsky, é exemplar nisso.
3. Redesenhar a economia: como o aumento exponencial da participação das instituições financeiras na economia, em detrimento da produção, somada com a desregulação do mercado a partir dos anos 70, potencializada nas décadas posteriores e a elevação do conceito de “insegurança do trabalhador” – celebrado por Alan Greenspan – servem de base para a situação atual.
4. Dividir o fardo: de que maneira o estado de bem estar social dos anos 50 e 60 e a melhora das condições de vida da população foi corroído ao longo do tempo, significando menos impostos para os ricos, que habilmente conseguiram fazer com que a maioria do povo arcasse com os custos básicos da sociedade, enquanto a desigualdade atinge picos históricos hoje em dia.
5. Atacar a noção de solidariedade: obedecendo a máxima de “tudo para mim, nada para os outros” de Adam Smith, como a educação pública e a previdência social foram atacadas e diminuídas, ainda que largamente usada pelas classes A e B no passado e base de sustentação do desenvolvimento da sociedade americana. Partindo desses exemplos, Chomsky mostra como o capitalismo atua para minar nossa capacidade de sentir empatia e solidariedade com o outro, conquistando nossas mentes e nos fazendo refém do egoísmo mais tóxico e abjeto possível.
6. Deixar reguladores atuarem em causa própria: o crescimento absurdo do lobby e como as pessoas escolhidas para definir a legislação são as mesmas que usufruem dela em praticamente todas as áreas da economia e da sociedade.
7. Financiar as eleições:grandes corporações financiando as campanhas presidenciais caríssimas que geram governantes que ficam na mão delas, em um círculo vicioso absurdo. Soa familiar, não?
8. Manter o povo na linha:o ataque ao sindicalismo e todas as organizações de trabalhadores. De que  forma eles eram parte essencial da resistência à exploração e ao abuso e, com o tempo, foram minados, seja diretamente pelo governo, seja pelas próprias organizações, que trataram de demonizar profundamente a atuação sindical, chegando a somente 7% de trabalhadores privados sindicalizados hoje.
9. Criar e propagar o consumismo:de que forma a propaganda, de maneira bem engenhosa e eficaz, tratou de criar gerações de consumidores com pouco ou nenhum senso crítico, um roteiro que todos conhecemos bem.
10. Marginalizar a população:“marginalizar” no sentido de excluir o povo das discussões principais, da participação democrática, minando o controle social e gerando cidadãos apolíticos que se engalfinham num ódio à política e ao governo absolutamente cego que, claro, compromete os maiores interessados na melhoria da sociedade: o próprio povo.

Nada disso é novidade, mas a capacidade de Chosmky em mostrar de maneira concisa e didática o seu impacto, somado ao arquivo histórico dos realizadores, faz com que esse documentário seja um excelente resumo de tudo aquilo que é central para o mundo em que vivemos.

 

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