A violência contra mulher deve ser debatida em todos os espaços, inclusive na escola


O ENEM teve como tema, neste ano de 2015, a violência contra a mulher. O fato causou muito alarido, pois para muitas pessoas não é de bom tom trazer à luz fatos que incomodam e, para outras, a violência já está quase banalizada e aquela sofrida pelas mulheres é apenas mais uma das formas.
Em tempos de avanço de ideias fascistas e até da possível volta da mordaça nas escolas, apresentar o tema da violência como debate acadêmico agitou, principalmente, setores machistas e reacionários da nossa sociedade que logo partiram para ideologização da escolha do tema.
Nas escolas, muito se fala do distanciamento dos currículos da vida real, da necessidade do debate relacionado aos temas candentes da sociedade. A violência contra a mulher é, sem dúvida, um problema que afeta nossa sociedade, independente de classe social.
“No Brasil, 7 milhões e 200 mil mulheres com mais de 15 anos já sofreram agressões, das quais 1 milhão e 300 mil nos 12 meses que antecederam a pesquisa. Quanto aos homens, 8% admitem já ter agredido fisicamente uma mulher, 48% dizem ter um amigo ou conhecido que fizeram o mesmo e 25% têm parentes que agridem as companheiras.”
A constatação destes índices e a realização da redação não farão com que a violência diminua, mas trazer para o centro do debate a escolha do tema ajuda também na discussão da violência. Nenhuma mulher quer ser espancada, violentada e nem merece ser morta por ter vontade própria. É uma questão de respeito humano, de direito à liberdade.
As mulheres ainda têm muita luta pela frente para alcançar seus direitos ao salário igual para o trabalho igual e pelo fim da violência sobre elas. Enquanto isto, é fundamental a realização de muitos debates, em todos os lugares, inclusive na escola, exigir a implantação de uma rede de apoio e construir uma educação igualitária, sem nenhum viés discriminatório.

Solange Carvalho – Vice-presidente do CPERS/SINDICATO

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